Nação do Diabetes ? Metade dos americanos tem diabetes ou pré-diabetes

Artigo traduzido por Hilton Sousa. O original está aqui.

Esbarrei com o artigo abaixo há pouco, e levanta sentimentos contraditórios. Vou deixar meus comentários no próprio texto, marcados em vermelho...

por Deborah Netburn


Cerca de metade de todos os americanos tem diabetes ou pré-diabetes, de acordo com um novo relatório. E os especialistas na área dizem que isso é boa notícia.

O motivo é que o estudo mostrou que depois de 2 décadas de crescimento linear, a prevalência finalmente começou a estabilizar-se. 

(A analogia é mais ou menos assim: "Que vitória! O cara tinha câncer de rins, mas morreu de cirrose!").

Em um artigo publicado na última terça feira no Jornal da Associação Médica Americana (JAMA), os autores escreveram que suas descobertas são consistente com outros estudos que mostram que o percentual de pessoas diagnosticadas com diabetes permaneceu estável entre 2008 e 2012. 

"Apesar de a obesidade e o diabetes tipo 2 permanecerem sendo grandes problemas de saúde pública nos EUA, os dados atuais proveem um sopro de esperança", escreveram William Herman e Amy Rothberg, da Universidade de Michigan em um texto complementar ao artigo.

(O atlas da Federação Internacional do Diabetes (IDF) diz que em 2013 eram 10.9% e 11.39% em 2014 – isso considerando apenas pessoas entre 20 e 79 anos (ou seja, ignora as crianças diabéticas, um dos grupos que mais cresce). Para mim, isso não parece "estável". E de mais a mais, números percentuais são bacanas para mostrar tendências, mas o impacto dos números absolutos, dado que a população cresce, continua assustador: em 2013 eram 24.4 milhões de pessoas. Em 2014, 25.7 milhões. É gente pra caramba...)

Herman e Rothberg, que não foram envolvidos na pesquisa, disseram que o estudo sugere que a implementação de políticas e regulamentações ligadas a alimentos, nutrição e atividade física pelos governos federais, estatuais e locais, bem como outros esforços para combater a obesidade e o diabetes finalmente começaram a se pagar.

(A conscientização sobre os males do açúcar e o consumo de refrigerantes, que cresceu a olhos vistos nos últimos anos não tem nada a ver com isso, né ? Se dependesse da indústria dos refris, estavam todos lascados).

"Foi feito progresso, mas esforços expandidos e duradouros serão necessários", escreveram.

(Dificilmente vai acontecer. A terra dos livres e dos bravos jamais vai dar um tiro na sua indústria. Como é que se mantém o American Way of Life se não deixarem as empresas competirem livremente num mercado sem intervenção governamental ? Propaganda é alma do negócio, seu comunista!)

O estudo baseia-se nos dados coletados pelo NHANES (N.T.: Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição). Os pesquisadores reportam que entre 2011 e 2012, entre 12 e 14% dos americanos tinha diabetes, dependendo do critério de diagnóstico usado. Esse percentual está estável desde 2008.

(Novamente, me intrigou o fato de não terem usado os dados de 2013-14, que existem...)

O time de pesquisa também descobriu que a proporção de pessoas que tinham diabetes sem saber diminuiu de 40.3% (1988-1994) para 31% (2011-2012).

(Essa queda é corroborada pelo atlas da IDF: em 2013 e 2014 os casos não-diagnosticados caíram para 27% – relembrando, os dados do IDF são apenas de gente entre 20 e 79 anos. Isso quer dizer que as pessoas estão ficando mais conscientes do risco, e não que estão ficando menos diabéticas... Agora simplesmente já sabem que aquela obesidade descontrolada tem um risco, fazem o exame e bingo!)

Essa redução, entretanto, não foi vista em todos os grupos raciais e étnicos.

A proporção de americanos de ascendência mexicana que não tinha diagnóstico foi mais alta que suas contrapartes brancas e negras, e esse percentual não caiu ao longo do tempo. Os autores sugerem que esse resultado pode ser devido ao baixo percentual de mexicanos-americanos com plano de saúde e consequente menos acesso ao diagnóstico.

(Sempre mais do mesmo...)

Os autores também descobriram que pessoas de origem asiática têm a probabilidade mais alta entre todos os grupos raciais, de terem diabetes não-diagnosticada.

A prevalência de pessoas com pré-diabetes cresceu ao longo do tempo. estudos anteriores mostram que entre 1990 e 2002, 29% das pessoas tinha pré-diabetes. Entre 2007 e 2010, o número cresceu para 36%. Em 2011 e 2012, os autores reportam que o valor aumentou levemente para 37 e 38%.

Tudo somado, estima-se que em 2011-2012, de 49 a 52% de toda a população americana teriam diabetes ou pré-diabetes.

(Ironia fina, ironia dupla. 

1 - Até hoje, em todos os relatos feitos pela IDF, os números previstos para o diabetes no mundo foram vergonhosamente batidos. Se previam X para o ano seguinte, dava X+4, X+5... Eu escrevi um pouco sobre isso ano passado, quando comecei a série sobre "O roubo da história")

2 - O diabetes ainda é um grande matador de americanos, mas lá ele PARECE ter se estabilizado (tenho minhas dúvidas). Mas no MUNDO, que cada vez mais come a dieta americana ocidentalizada com refrigerantes, sanduíches, biscoitos recheados e donuts, o diabetes continua sem freio nem rédea).

Algumas estatísticas fresquinhas, colhidas do site da IDF:

  • 387 milhões de pessoas (8.3% da população mundial) tinham diabetes em 2014; para 2035, a previsão é de 592 milhões
  • 179 milhões de pessoas com diabetes não são diagnosticadas
  • 1 pessoa em cada 4 tem diabetes ou pré-diabetes (esse dado é da OMS, não do IDF)
  • 1 pessoa em cada 12 tem diabetes
  • 46.3% dos casos no mundo não são diagnosticados: a metade das pessoas que tem diabetes não sabe que tem...
  • O número de pessoas com diabetes tipo 2 está crescendo em TODOS os países
  • 77% das pessoas com diabetes vivem hoje em países de média e baixa renda
  • O maior número de pessoas com diabetes tem entre 40 e 59 anos de idade
  • Diabetes causou 4.9 milhões de mortes em 2014
  • A cada 7 segundos, uma pessoa morre de diabetes
  • Diabetes custou no mínimo 612 bilhões de dólares em gastos com saúde em 2014 – isso equivale a 11% dos gastos com saúde feitos por adultos
  • Mais de 79 milhões de crianças desenvolveram diabetes tipo 1 em 2013
  • Mais de 21 milhões de nascimentos foram afetados pelo diabetes em 2013
  • Na África, 76% das mortes ligadas ao diabetes acontecem em pessoas com menos de 60 anos
  • A Europa tem a prevalência mais alta de diabetes tipo 1 entre crianças
  • No Oriente Médio e no Norte da África, 1 em cada 10 adultos tem diabetes
  • Mais foi gasto em cuidados com diabéticos na América do Norte e Caribe do que em qualquer outra região
  • Na América do Sul e Central, o número de pessoas com diabetes vai aumentar em 60% até 2035
  • No Pacífico Oriental, 138 milhões de adultos têm diabetes – o maior número de qualquer região

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