Artigo traduzido por Hilton Sousa. O original
está aqui.
Antes de passar ao artigo em si, alguns comentários:
Uma das pessoas que me sugeriu o artigo, mandou dizendo “olha aí, dieta rica em gorduras deixa as crianças mais burras”. Vamos por partes!
A primeira frase do texto diz gorduras, açúcar e comidas processadas. Não tenha tanta pressa em condenar as gorduras! Um pouquinho mais à frente, o texto deixa bem claro que o escore utilizado diz respeito à gordura processada. Ou seja, não estamos falando de banha, manteiga ou azeite de oliva: é margarina, óleo de soja, milho, canola e girassol mesmo…
De qualquer maneira, trata-se de um estudo observacional epidemiológico – e sabemos muito bem que este tipo de estudo aponta hipóteses, e não causalidade. É provável que um estudo prospectivo jamais seja feito sobre o assunto, por questões éticas: quem é que, em sã consciência, arriscaria a capacidade cerebral de seu filho para provar um ponto ?
No entanto, das as evidências sobre o efeito dos carboidratos refinados sobre o cérebro (aqui, aqui e aqui), eu não me espantaria se a hipótese se mostrar real.

Dietas ricas em gorduras, açúcar e comidas processadas estão reduzindo o QI das crianças, um novo estudo sugere. O relatório diz que os hábitos alimentares de crianças de até 3 anos de idade modela a performance cerebral à medida que envelhecem.
Uma dieta predominantemente rica em comidas processadas aos 3 anos de idade está diretamente associada com um QI mais baixo aos 8 anos e meio, de acordo com um estudo que envolveu milhares de crianças britânicas em Bristol.
O Estudo Avon Longitudinal de Pais e
Crianças está acompanhando o bem-estar a longo prazo, de cerca de 14.000 crianças.
Pesquisadores disseram que as dietas das crianças muito novas podem alterar os níveis de QI mais tarde na infância, mesmo se os hábitos alimentares melhorarem com a idade.
Isso sugere que quaisquer efeitos cognitivos/comportamentais relacionados aos hábitos alimentares no início da infância podem muito bem persistir até o fim desta, indepentendente de quaisquer alterações subsquentes à dieta”, os autores escreveram.
Durante o estudo, os pais preencheram questionários detalhando os tipos e frequências de comidas e bebidas consumidas por seus filhos aos 3, 4, 7 e 8 anos e meio.
Cara 1 ponto de aumento no escore do padrão dietário – um registro da ingestão de gordura processada – foi associado a uma queda de 1.67 pontos no QI.
O cérebro cresce à taxa mais rápida durante os 3 primeiros anos de vida.
“É possível que boa nutrição durante este período possa encorajar o crescimento cerebral ótimo”, acrescentou o relatório.
O diretor de pesquisa da School Fund Trust (N.T.: fundação britânica para melhorar a qualidade das refeições servidas nas escolas), Michael Nelson, disse: “Dado que cerca de 23% das crianças começam a frequentar a escola já sobrepesadas ou obesas, está absolutamente claro que escolhas saudáveis como parte do seu desenolvimento inicial vão colocar as crianças em bom lugar – não apenas no sentido de manter um peso saudável enquanto crescem, mas como esta evidência sugere, melhorando a sua capacidade de sair-se bem na escola”.
“Estes achados também demonstram a importância de ajudar todos os envolvidos com desenvolvimento inicial de crianças a obter a informação e aconselhamento que precisam sobre boa nutrição”.