Trabalho Real





De maneira geral, tendemos a ter um raciocínio linear para muitas situações do cotidiano. Por exemplo: se nosso corpo armazena calorias sob forma de gordura, automaticamente pensamos que devemos comer menos calorias para que isso não aconteça, ignorando o impacto hormonal e de saciedade distintos de cada alimento. Se a grana está curta e precisamos comprar um carro, olhamos logo o mais barato, sem observar o consumo, custos de manutenção, seguro, desvalorização etc. O mesmo acontece com a musculação. Os vídeos acima refletem duas situações numa academia. O de cima, muito comum, mostra um aluno pegando muito peso no leg press. O de baixo mostra um frango pegando pouco peso. Logo imaginamos que o indivíduo de cima irá hipertrofiar mais, ficar mais forte e até emagrecer mais, já que está trabalhando mais.

Mas mesmo que isso fosse verdade, será que ele está realmente trabalhando mais???

Vou fazer uma análise simplificada, desprezando propositalmente alguns aspectos fisiológicos do exercício e técnicos da execução para focar na importância da amplitude no exercício. Quero destacar que os exemplos são baseados na realidade da academia em que atuo, ou seja, tanto a amplitude das execuções quanto as cargas são próximas às utilizadas pela maioria.

Para demonstrar que a carga absoluta, ou seja a quantidade de anilhas no aparelho, não quer dizer muita coisa sobre o quanto de trabalho ou esforço a pessoa está fazendo, elaborei uma equação DIDÁTICA bem simples para provar:

Resultados:
  • Indivíduo A: 200 kg x 10 repetições x 32 cm de amplitude de execução (16 cm na excêntrica + 16 cm na concêntrica) = 200 x 10 x 32
  • Indivíduo B: 100 kg x 10 repetições x 90 cm de amplitude de execução (45 cm na excêntrica + 45 cm na concêntrica) = 100 x 10 x 90

Vou chamar o produto desta equação de Trabalho Real (TR)
  • TR indivíduo A = 64.000
  • TR individuo B = 90.000

Então, percebam que por mais que a carga caia quando se realiza exercícios com amplitudes articulares máximas possíveis, o trabalho/esforço tende a ser bem mais alto. 

Recentemente conversando sobre este assunto com o amigo e professor de química, Caíque de Lima, me disse que com o ângulo da plataforma, aceleração da gravidade, distância percorrida pela plataforma e cargas envolvidas, é possível chegar a um resultado fidedigno (em Joules) do trabalho total realizado pelos indivíduos. Esses resultados são semelhantes aos da minha equação. O sujeito que no exemplo pegou menos carga, de fato, trabalhou mais! Confiram!



A questão não é quanto peso você pega, e sim, COMO você executa. Experimentem e me digam como foi!

Felipe Piacesi é mineiro de Barbacena, 32 anos, casado com a Mestre em Nutrição Débora Melo e pai da Valentina. Residente e apaixonado por Brasília há 16 anos. Bacharel em Educação Física pela UCB, pós graduado em Musculação e Treinamento de Força pela UnB, professor universitário, consultor, palestrante, coordenador técnico, personal trainer e praticante de musculação há 12 anos. Amante de ciências, é fascinado pelos resultados sustentáveis e seguros que a musculação e o HIIT trazem para seus alunos. Defensor destas modalidades na busca de uma vida mais saudável, longeva e autônoma. Devido a isso crê que quando uma pessoa se interessa em se exercitar, deve receber toda atenção e informação possível para incorporar definitivamente a prática em sua vida. É também defensor e praticante, desde 2013, de alimentação baseada em comida de verdade, no moldes das dietas Paleo e Primal.

Se você quiser conhecer o trabalho do Felipe como coach e ver os resultados dos alunos dele, clique aqui.

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