Nossas bactérias intestinais influenciam fortemente os nossos comportamentos emocionais
Artigo traduzido por Rafael Araújo. O original está aqui.
por IFLScience
O microbioma intestinal - o mundo das bactérias que vivem em nosso sistema digestivo - não existe apenas para nos dar dor no estômago ou nos ajudar a digerir a comida. Rapidamente têm surgido pesquisas da comunidade científica que sugerem que essas pequenas criaturas têm um enorme impacto no nosso comportamento, inclusive (potencialmente) em nossa resposta ao medo .
Um novo estudo liderado pela Universidade da Califórnia, Los Angeles, parece ter encontrado evidências de mais uma ligação incomum entre seu estômago e seu cérebro. Ou seja, uma seleção de micróbios intestinais parece estar ligada a regiões do cérebro associadas ao humor e ao comportamento geral, a primeira vez que esse mecanismo foi encontrado em seres humanos saudáveis.
Pesquisas anteriores descobriram que as respostas emocionais em roedores, incluindo aquelas relacionadas à ansiedade e depressão, variam dependendo do conteúdo de seu microbioma intestinal. Esta ligação ainda precisava ser demonstrado conclusivamente nos humanos - até agora, é claro.
A equipe coletou matéria fecal de 40 mulheres diferentes, dentro das quais um microcosmo de seu microbioma intestinal estaria contido. À medida que estas tinham suas amostras colhidas, as mesmas mulheres foram ligadas a um scanner de ressonância magnética (MRI) e expostas a várias imagens de indivíduos, ambientes, situações ou objetos que foram projetados para provocar respostas emocionais.
Conforme explicado na revista Psychosomatic Medicine, a equipe descobriu que havia dois grupos principais de bactérias que pareciam ter algum efeito sobre a constituição do cérebro.
O primeiro, o Prevotella, foi o mais comum em sete das mulheres. Os cérebros dessas participantes mostraram maior conectividade entre as regiões do cérebro emocional, atencional e sensorial, enquanto possuíam hipocampos menores e menos ativos – a região do cérebro relacionada à regulação emocional, à consciência e à consolidação de memórias de curto prazo em memórias de longo prazo.
Essas mulheres pareciam experimentar emoções profundamente negativas, incluindo aquelas relacionadas à angústia e ansiedade, ao visualizar imagens negativas.
O segundo grupo bacteriano, os Bacterióides, era mais prevalente nas outras 33 mulheres. Conseqüentemente, eles tinham um tipo de cérebro muito diferente. O córtex frontal e as regiões insulares do cérebro – ligadas à resolução de problemas e ao processamento complexo de informações – tinham mais matéria cinzenta do que as do outro grupo de mulheres. Os seus hipocampos também eram mais volumosos e ativos.
Essas pacientes, em contraste com as mulheres que tinham proeminentes as Prevotella, eram menos propensas a experimentar emoções negativas ao serem expostas a imagens negativas.
Esta pesquisa é indubitavelmente fascinante, mas, como acontece com muitos desses estudos, apenas prova que existe uma forte correlação entre a cognição e o microbioma intestinal. Os mecanismos causais são profundamente incertos neste momento.
De qualquer forma, a idéia de que certas bactérias intestinais não só influenciam os processos de pensamento, mas a estrutura física do próprio cérebro é incrível.
Rafael Araújo é lifter, praticante de jiujitsu e muay-thai, estudioso do mundo low-carb e criador do Método MCM. O caso de sucesso dele foi contado aqui no Paleodiário um tempo atrás.
Comentários
Postar um comentário