10 preditores de longevidade interessantes

Artigo traduzido por Hilton Sousa. O original está aqui.

por Mark Sisson


Isso aqui não é um épico homérico. Não há oráculos apresentando nosso futuro e predizendo nosso fim inevitável. Mas ainda que não possamos saber a data precisa da nossa morte, podemos usar certos biomarcadores, medidas e características para fazer previsões – com uma precisão razoável –  sobre a propensão de uma pessoa a bater as botas.

Assim como é o caso com quaisquer dados observacionais, esses preditores podem não ser maleáveis. E se forem maleáveis, mudá-los ativamente não vai necessariamente conferir a longevidade com a qual estão associados. Fazer cirurgia plástica para ter aparência mais jovem provavelmente não vai te fazer viver mais. Mas eles contam uma história. Eles sugerem que as qualidades, atividades, comportamentos e padrões de exercício que podem, se mantidos, levar a uma vida melhor e mais longa. No pior caso, andar um pouco mais rapidamente e ganhar um pouco de massa magra não vai te fazer mal, e muito provavelmente vai te ajudar.

Então vamos dar uma olhada em 10 dos mais interessantes preditores de longevidade:

1. Força da pegada


Você tem um avô com aperto de mão de urso ? Ou aquela senhora idosa que simplesmente não vai largar aquela toalha comprada na Black Friday no Walmart, independente do quão forte você puxe ? Eles provavelmente vão viver um longo tempo.

Em pessoas de meia-idade e idosas, a força da pegada prediz consistentemente o risco de mortalidade por todas as causas. É ainda melhor que a pressão sanguínea. Em mulheres mais velhas, incapacitadas, a força da pegada prediz mortalidade por todas as causas, mesmo quando controlando pelo status da doença, carga inglamatória, depressão, estado nutricional e inatividade. Pegada fraca é até mesmo um fator de risco independente para diabetes tipo 2 em todas as etnias.

2. Velocidade da caminhada


Alguns anos atrás, um estudo com mais de 7.000 homens e 31.000 mulheres que praticavam caminhada recreacional descobriu que a intensidade da caminhada predizia o risco de mortalidade. Aqueles que andavam mais rápido tendiam a morrer menos. Agora, não ache que você pode conscientemente aumentar a velocidade da sua caminhada para ultrapassar os 100 anos. Os pesquisadores estavam observando a velocidade natural de caminhada de andadores frequentes. O que o estudo analisou e relacionou à expectativa de vida foi a velocidade natural de caminhada dos participantes. Eles não tinham idéia de que seriam classificados.

Um estudo mais recente descobriu que reduções rápidas na velocidade da caminhada também prediziam morte. Alguns clínicos veem tanto valor na velocidade da caminhada até mesmo a usam as um “sexto sinal vital”.

3. Aparência facial


Diversos estudos indicam que a "idade da face" percebida é um preditor de mortalidade melhor que marcadores de saúde objetivos, idade real ou função cognitiva. Mais medidas objetivas de idade estética, como enrugamento de áreas não expostas ao sol, também predizem longevidade.

4. Opinião subjetiva sobrea prórpia qualidade de vida


Se você está feliz com sua saúde física e psicológica, relações sociais e seu ambiente, você pode viver mais. Ter uma opinião ruim sobre a própria vida pode ter o efeito oposto. Mesmo quando essas opiniões subjetivas são comparadas a medidas objetivas da sua saúde, seus relacionamentos e seu ambiente, a percepção subjetiva é um preditor de longevidade melhor.

5. Músculos


Eu sempre disse que massa magra é um reservatório metabólico para o envelhecimento saudável. Músculo esquelético produz proteínas e metabólitos importantes que regulam a recuperação de traumas e lesões. Quanto mais você tiver, melhor vai recuperar-se de cirurgias, queimaduras, quedas, fraturas, perfurações e dano em geral. Quanto mais músculos em estoque, mais você pode ceder e mais rápido vai sair da convalescência e de outras formas de inatividade forçada. A expressão de klotho, a "proteína da longevidade" é ainda mais fortemente dependente da força dos músculos esqueléticos de alguém.

6. Propósito na vida


A noção popular de que ser guiado para atingir seus alvos aumenta o desgaste do corpo e destrói a sua saúde parece correta. Você sacrifica o sono para trabalhar, negligencia as pessoas amadas, escolhe trabalhar ao invés de exercitar-se, come comida-lixo ao invés de cozinhar. O que é que a evidência diz na prática ? Acontece que ter algo pelo qual viver te ajuda a viver mais e com uma carga de doenças menor. Um propósito na vida prediz a carga alostática, que é outra maneira de dizer "desgaste relacionado à idade".

Isso foi um pouco surpreendente. Nós geralmente pensamos no empreendedor que trabalha duro, operando sempre em alta rotação, perdendo saúde só para perseguir e atingir seus alvos. Mas a evidência atual refuta isso.

7. Inteligência


Pessoas inteligentes vivem mais. Em todas as causas de mortalidade, ter QI mais alto confere proteção.

Um pouco disso deve-se às reações mais rápidas que também acompanham QIs mais altos. Se você é esperto, provavelmente terá uma fração de segundo extra para sair da frente do caminhão e evitar uma colisão fatal. Isso é certamente parte do negócio, mas tempo de reação mais rápido não pode explicar a proteção que a inteligência confere contra a mortalidade por todas as causas.

Outros atribuem a proteção às decisões inteligentes, comportamentos saudáveis e práticas prudentes que as pessoas espertas fazem e seguem. Quanto mais esperto você é, menos probabilidades tem de fumar, não exercitar-se ou achar que é ok comer comida-lixo todo dia no jantar.

8. Contagem de células brancas do sangue


Glóblos brancos ou leucócitos são os agentes primários do nosso sistema imune. Eles combatem os patógenos, infecções e invasores estranhos. Muitas doenças estão associadas com a deficiência de leucócitos, então parece que pessoas mais saudáveis e com maior expectativa de vida teriam contagens mais altas dessas células. Certo ?

Não. Na prática, contagens de leucócitos mais próximas do limite inferior da faixa normal predizem a longevidade. Isso só parece ser verdade em homens e mulheres saudáveis. É improvável que valha para populações insalubres ou imunocomprometidas – que na prática precisam dos glóbulos brancos para combater as causas da doença. Em pessoas saudáveis, uma contagem normal-baixa de leucócitos indica menor dano por doenças.

9. Autofagia


Autofagia é a manutenção celular. É como nossas células reciclam o lixo, eliminam ineficiências e reparam a si mesmas. Ela é requerida para manter a massa muscular à medida que envelhecemos, e inibi-la produz atrofia de músculo esquelético ligada à idade. Ela reduz os efeitos negativos da idade e reduz a incidência e progressão de doenças ligadas à idade. Na prática, pesquisadores já determinaram que autofagia é o aspecto essencial do mecanismo anti-envelhecimento do jejum. "Envelhecimento" só acontece quando a autofagia celular falha ou reduz-se. Pessoas que vivem mais de 100 anos têm níveis mais altos do biomarcador primário de autofagia, significando que suas células mantêm-se por mais tempo e retardam o processo de envelhecimento.

Isso é algo que você consegue controlar diretamente. Jejum, cetose, restrição calórica, exercício, e polifenóis dietéticos, todos disparam a autofagia e tê probabilidade de aumentar a longevidade.

10. O quanto brócolis e comida indiana você come


É uma brincadeira, mas não muito. Talvez a via metabólica anti-envelhecimento mais importante do corpo seja a Nrf2. Ativar Nrf2 libera muitas vias antioxidantes, aumenta a glutationa e já se demonstrou que dispara o "fenótipo anti-envelhecimento" em estudos animais. Alimentos da família das brássicas, que incluem brócolis, couve, repolho, couve-flor e couve-de-bruxelas, todos contêm suforafano – um potente ativador de Nrf2. Outro ativador de Nrf2 é a curcumina, encontrada no açafrão-da-terra (o tempero principal em curries indianos).

Tudo isso é meramente descritivo. Pessoas que já têm tais atributos, biomarcadores e tendências têm maior probabilidade de viver mais que aqueles que não têm. Mas fazendo especulação informada, muitos também são prescritivos. Levantar pesos, sair para andar, encontrar um propósito na vida, melhorar sua qualidade de vida cotidiana, comer mais comidas ricas em antioxidantes (incluindo brócolis e açafrão), disparar a autofagia por jejum ou temporadas ocasionais de restrição calórica e cetose – todas essas são práticas de saúde saudáveis que devem pagar-se.

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