Uma Breve História da "Dieta do Diabetes"

Artigo traduzido por Juliana Whately. O original está aqui.

por Osama Hamdy.

Este post foi escrito por Osama Hamdy, M.D., diretor médico do Programa Clínico de Obesidade, Diretor do Centro de Internação de Pacientes com Diabetes no Centro Joslin de Diabetes, professor assistente de medicina na Escolha de Medicina de Harvard. Dr. Hamdy é também o diretor do Programa Por Que Esperar onde trabalha com as pessoas para melhorar a gestão da diabetes através da perda de peso.

Medical Nutrition Therapy (MNT - tradução livre: Terapia Médica Nutricional) significa usar a nutrição como uma ferramenta potente de gerenciamento de diabetes. MNT não só desempenha um papel importante na prevenção e tratamento do diabetes, mas também ajuda na prevenção de muitas complicações do diabetes.

A composição da dieta de carboidratos, gorduras e proteínas tem sido debatida por um longo tempo. Antes da descoberta da insulina em 1922, a composição da dieta modificada era a única ferramenta disponível para o tratamento do diabetes. Na virada do século XIX, Fredrick Allen usou uma técnica de fome para tratar o diabetes tipo 1 e tipo 2 em seu Instituto Fisiátrico na cidade de Morris, NJ. Ele foi capaz de manter os pacientes com diabetes tipo 1 vivos por vários anos sem insulina.

Por outro lado, Elliot Joslin, em Boston deu a seus pacientes muito poucos carboidratos para comer. Sua dieta de 1.800 calorias tinha apenas 10 gramas de carboidratos, o que era apenas cerca de 2% das calorias diárias por paciente, com o restante proveniente de proteínas (20%) e gordura (cerca de 75%). (Esta dieta reencarnou mais tarde, como a dieta de Atkins.)

Dr. Joslin acreditava que o diabetes é uma doença de intolerância aos carboidratos e que as pessoas com diabetes devem reduzir ou eliminar esse nutriente. Curiosamente, através de sua dieta de carboidratos limitados, ele foi bem-sucedido no tratamento da maioria dos pacientes com diabetes tipo 2, que era chamada naquele tempo de "diabetes gorda". Ele também foi capaz de manter muitos pacientes com diabetes tipo 1 vivos antes da descoberta da insulina.

A introdução da insulina tornou possível que pacientes com diabetes tipo 1 utilizassem melhor as calorias e consumissem dietas com carboidratos semelhantes aos de indivíduos saudáveis. No entanto, a composição da dieta ideal permaneceu uma questão debatida.

Na primeira metade do século XX, Elliot P. Joslin e outros recomendavam uma dieta composta de 40% da ingestão calórica de carboidratos, 40% de gordura e 20% de proteína para todos os doentes com diabetes. Esta composição da dieta foi amplamente aceita pelos profissionais de saúde como a dieta padrão para o diabetes até o final dos anos 1970, quando a preocupação sobre o aumento da incidência de doença arterial coronariana em pacientes com diabetes foi levantado, que foi parcialmente atribuída ao excesso de calorias provenientes de fontes de gordura.

Esta preocupação estimulou a comunidade médica de concordar em reduzir a ingestão de gordura para cerca de 30% do consumo calórico diário total. A diminuição recomendada na ingestão de gordura necessitou de um aumento compensatório em carboidratos ou de proteína na percentagem do total de calorias.

Infelizmente, a decisão foi tomada naquela época para aumentar o teor de carboidratos em 10% tirado de gordura. Estas alterações feitas na "dieta do diabetes" a fizeram conter cerca de 50 a 55% do seu conteúdo de calorias provenientes de carboidratos, 30 a 35% de gordura e 15 a 20% de proteínas.

Sabemos agora que este plano de dieta contribuiu significativamente para o aumento da prevalência da obesidade e tornou o diabetes de difícil controle. Agora, há evidências crescentes de que um modesto aumento na ingestão de proteína na dieta, acima dessas recomendações, é uma boa opção para uma melhor controle do diabetes, redução de peso e melhora na pressão arterial e perfil lipídico.

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