Hoje considero que vivia na escuridão, do ponto de vista nutricional.

Tenho 35 anos, sou casada e tenho dois filhos, Gabriel de 11 anos e Noah de 2 anos. Há 2 anos mudei não apenas minha alimentação, mas meu estilo de vida. Hoje considero que vivia na escuridão, do ponto de vista nutricional.

Aos 12 anos "encorpei" e me achava gorda. Eu comia relativamente bem (vegetais, frutas, carnes), mas também comia eventualmente doces, bolachas, frituras, cereais matinais, pães. Lia revistas "fitness" e conseguia manter as dietas ali recomendadas por no máximo uma semana. Depois ganhava o dobro do peso perdido. Comecei a praticar esportes com frequência e alta intensidade aos 17-18 anos e nunca mais parei. Desde essa época meu peso é relativamente estável. Sempre pratiquei esportes, sou corredora, kitesurfista e suar me dá muito prazer. Então, o que mudou se, na verdade, eu sempre fui magra? Até dois anos atrás, eu tinha muito mais vontade de comer doces e minha rotina alimentar era difícil de cumprir. Recusar docinhos em festas era praticamente impossível e eu "me matava" de malhar depois, para compensar. Hoje sou livre. A o contrário do que a maioria pensa, depois que limitei minha alimentação, ficou bem mais fácil. Passo 10 minutos dentro do mercado, pois ignoro 90% dos corredores (cheios de industrializados e açúcares "escondidos"). Como o que gosto e não vivo de alface, ricota e "lights" como a maioria dos meus amigos pensam. Fico bastante angustiada quando olho para o lado e vejo pessoas comendo torrada com requeijão light e barra de cereal como se fossem saudáveis. Pior ainda é tentar explicar meu estilo de vida e escutar: "mas você pode comer isso (gordura) porque tem a genética boa / porque malha". Não culpo as pessoas por comerem mal. É muito difícil resistir às dezenas de opções ruins que temos em nossa frente todos os dias. É mais difícil ainda mudar um padrão de alimentação que mantivemos por anos. Mas o mais difícil é contestar os paradigmas alimentares que nos ensinaram. Esse é o ponto crucial. Somos enganados diariamente. A bolacha que se diz fit, o cereal que se diz saudável, o ovo que faz mal (???), a barrinha "sem açúcar"... 

Então, o que comer? Que dieta é essa? À princípio, eu chamei de paleo, depois de Low carb high fat, sem glúten, cetogênica, primal. Agora, não dou nome a minha dieta. Tentei explicar às pessoas sobre minha "descoberta", fiquei horas falando sobre minha alimentação, tentei ajudar, mandei artigos científicos, meu livro pessoal de receitas, fotos dos meus exames... Mas é muito frustrante. Mesmo porque, muitas vezes, as conclusões se resumem a "quer dizer que bacon faz bem para a saúde??". Não!!! (Nesse caso, por exemplo, eu nunca incentivei ninguém a comer bacon, que, inclusive, é um produto industrializado, contém conservantes, nitrito de sódio...enfim, o "bacon bom" seria aquele de animais criados livres e curado artesanalmente!). Também já ouvi que o segredo é cortar carboidratos, comer só o recheio da pizza ao invés da massa, por exemplo. Mas no recheio tem presunto industrializado, molho de tomate com açúcar, acidulante, glutamato monossódico...

Portanto, hoje, se me perguntarem, minha explicação é: eu não como industrializados / eu como comida de verdade. Porque, na verdade, é só isso mesmo. Mas você precisa entender os conceitos de industrializados. Já ouvi, por exemplo: "pão não é industrializado, porque eu faço em casa". Mas e os ingredientes? A farinha de trigo é industrializada!

Resumindo, não como açúcares, processados e industrializados (massas, cereais, doces, bolachas, mesmo as "integrais", as "fit", as "light", pães de todos os tipos ou qualquer coisa que tenha farinha de trigo, grãos, leite, adoçante, nenhum "light", margarina, requeijão de copo, gordura polinsaturada, principalmente as gorduras vegetais / óleo vegetal - óleo de soja, de girassol, de milho, etc..).

Eu como queijos azuis e amarelos, kefir de leite, ovos, carnes preferencialmente orgânicas, nozes, castanhas, vegetais, frutas, azeite, leite de coco, cacau, manteiga ghee, etc.. Cozinho com banha de porco orgânica, óleo de coco ou manteiga ghee.

Mas e o carboidrato? Só de ter cortado industrializados, minha ingestão de carboidratos diminuiu muito. Eu como frutas e verduras tranquilamente. Ademais, eu não conto calorias, não conto gramas de carboidrato, proteína, etc..

E a refeição livre / o "dia do lixo", do "pé na jaca"? Quando eu comecei a mudança alimentar, eu ainda tinha um ou dois dias livres na semana, nos quais eu comia o que quisesse. O ciclo se repetia: nos dois dias seguintes ao "pé na jaca", eu sentia muita vontade de comer doces e depois me acostumava novamente à dieta. Com o tempo, fui me adaptando e hoje em dia eu não tenho um dia ou uma refeição livre. Se der vontade de comer um doce em uma festa, por exemplo, eu como. Porém, raramente tenho vontade! Gosto muito mais de chocolate amargo (mais de 70% cacau) do que dos convencionais. Tomo café sem adoçar, o que não conseguia fazer antes. Adquiri repulsa a doces muito doces (como bolo de festa, tortas convencionais de padaria, essas coisas). Não tenho mais vontade de comer pão, pizza, sanduiche.

A questão toda é não ter vontade/impulso. E isso demora um pouco. Por exemplo, não posso dizer "nas férias eu como o que quiser". Eu como o que quero todos os dias! Eu gosto do que como, não faço sacrifícios. Esses dias lembrei de um bolo de mandioca com requeijão que sempre adorei e o comprei. Comi um pedaço e não quis mais.

Outra mudança é que, quando iniciei a dieta, eu fazia várias receitas de bolos, pães e sobremesas com ingredientes não industrializados, sem açúcares. Hoje resumi essas receitas a pouquíssimas (apenas as melhores porque prefiro comer "comida" a lanches. Antes, comia pequenas porções de duas em duas horas e isso fazia com que eu passasse o tempo inteiro pensando em comida. Ademais, depois de comer uma misto quente no café da manhã, ficava com fome duas horas depois abruptamente. Hoje, fico saciada por muito mais tempo.

A frase comum e irônica que escuto regularmente é "como você consegue?". Eu consigo porque eu quero, porque eu gosto, porque me faz bem.



Luana Faria, 35 anos, mãe do Noah e do Gabriel, esposa do Rafael, brasiliense, psicóloga, servidora pública federal, kitesurfista e corredora de rua. Meu Instagram é @comidadeverdade_fit




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