A sujeira na terra
Artigo traduzido por Hilton Sousa. O original está aqui.
por Mark Sisson
A opinião prevalente aqui no blog é que escutar seu próprio corpo é uma boa política. O instinto natural tem sido bom para nós ao longo dos anos – desde que lhe demos ouvido. Ah, é claro, alguns comportamentos instintivos têm pouca relevância hoje em dia e deveriam ser ignorados (como a nossa tendência a tribalizar e não aceitar desconhecidos por precauão – fazia sentido quando vivíamos da terra em pequenos clãs que competiam por recursos, mas hoje em dia só causa guerra, racismo e nacionalismo), mas a maioria dos instintos estão gravados em nós por uma razão. Considere a salivação, que nos diz que comida deliciosa está à disposição (eu sei que não sou o único com uma tendência a babar com a perspectiva de um bife ao ponto), ou o nosso senso de equidade, que colabora para um ambiente mais harmonioso (bom para a sobrevivência e para todos os envolvidos). Nós gostamos de estressar a importância de dar ouvidos às inclinações naturais do seu corpo.
Por definição, praticamente qualquer comportamento instintivo confere vantagens evolutivas (de outra forma, ele não teria sido mantido por tanto tempo) – essa é a base do Primal Blueprint, com nosso foco em viver de acordo com nossos ancestrais (cujas ações, comportamentos e dietas eram altamente guiados por instintos).
Uma série de estudos recentes examinou a tendência de crianças pequenas a comerem terra, lamber coisas do chão, e colocar o que quer que encontrem na boca. Há algum benefício evolutivo a ser conseguido por comer terra ? Nós temos uma obsessão não-saudável (ou é saudável ?) com a terra, de maneira que ficamos interessados nos resultados.
A terra foi redimida, mais uma vez! Tortas de lama, ao que parece, não são apenas a maneira de um habilidoso confeiteiro iniciar a vida. A ingestão de terra introduz uma série de bactérias e vírus que na prática disparam o desenvolvimento do nosso sistema imune. E já foi mostrado que certos vermes redirecionam sistemas imunes bagunçados, que normalmente resultariam em doenças autoimunes, asma e alergias.
Quando ela põe coisas na boca, uma criança está deixando o seu "sistema imune explorar o ambiente", escreve a imunologista Mary Ruebush. Essa criança com a boca suja não está aumentando a chance de ficar doente: ela está na prática dando a seu sistema imune "experiência" em descobrir o que é benigno e o que é perigoso.
Como discutimos anteriormente, a esterilização excessiva dos nossos ambientes na verdade pode ser contraproducente. Cientistas suspeitam que enquanto a sanitização aumentada dos países desenvolvidos eliminou alguns problemas de saúde – comida e água contaminada, por exemplo – ela também introduziu uma série de outras questões, inclusive níveis aumentados de esclerose múltipla, diabetes tipo 1, doença intestinal inflamatória, asma, alergias – todas potencialmente derivadas da exposição reduzida ou eliminada a bactérias nos anos iniciais. Nós ficamos "mais limpos", mas ao fazer isso eliminamos tanto a sujeira boa quanto a ruim. Também tornamos a ruim mais forte. Todos esses produtos bactericidas – álcool em gel e suas variantes onipresentes que você vê em bolsas, ou presas ao pulso de crianças em "formatos divertidos" – na prática podem criar cepas perigosas de bactérias resistentes a antibióticos. Lembre-se, a evolução funciona para os dois lados (e muito mais rapidamente em bactérias).
Isso não é dizer que você não devia lavar-se. Nós devemos, especialmente se estivermos manipulando fraldas suas, carne crua ou usando o banheiro. Apenas não exagere. Sabão básico e água são bons o suficiente.
E é claro, não precisa dizer que crianças deveriam ter bastante acesso à terra enquanto crescem – se não pelo seu sistema imune, então pelo fato de que brincar na terra é uma parte incrível da infância, e que nenhuma criança deveria ficar sem isso. Está alinhado com o "espírito de brincadeira" do método Primal também.
Ah, e você pode querer relaxar um pouco com as regras de "lave as mãos antes do jantar" – podemos estar fazendo mais mal que bem.
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