Dieta de baixo carboidrato muito efetiva e rápida para remover a gordura do fígado
Artigo traduzido por Hilton Sousa. O original está aqui.
Ontem o meu blog focou em algumas pesquisas recentes que mostravam que os níveis de colesterol tinham pouco ou nenhuma relação com o que chamamos de "derrame isquêmico" - essencialmente, "infartos do cérebro". Por outro lado, uma relação forte foi encontrada entre essa forma comum de derrame e níveis sanguíneos de gorduras conhecidas como triglicérides.
Como mencionei nesse blog, os triglicérides podem ser fabricados no fígado em resposta à ingestão de carboidratos. A gordura formada dessa maneira pode, depois de ser "desmontada", achar seu caminho para as células adiposas. Níveis altos do hormônio insulina aumentam a absorção de gordura internalizada pelas células. Então, resumindo, carboidratos podem estimular a produção de gordura no fígado e também aumentar as chances de que ela seja despejada nas nossas células adiposas.
Entretanto, se o fígado produz a gordura rápido o suficiente, há um risco de que ela se acumule no próprio fígado. Com o tempo, o resulado é o "fígado gorduroso" - também conhecido como "doença não-alcoólica do fígado gorduroso (DNAFG) ou esteatose hepática. Seguindo por esse caminho, o fígado pode desenvolver fibrose e mesmo cirrose. Foie gras (N.T.: patê de fígado de ganso) é fígado gorduroso. O que é que os gansos são forçados a comer para produzir isso ? A resposta é grãos (carboidratos).
E os humanos ? Em um estudo, o impacto da dieta na função hepática foi testado em um grupo de homens e mulheres saudáveis [1]. Os participantes do estudo foram postos em um regime que envolvia duas refeições de fast-food por dia durante quatro semanas. Os seus resultados foram comparados com um grupo de indivíduos que não foram sujeitados ao regime.
No decorrer das 4 semanas do estudo, aqueles no regime de fast-food ganharam uma média de 6.5kg. Em particular, a medida da cintura aumentou significativamente. O nível da enzima hepática alanina aminotransferase (ALT) subiram de uma média de 22.1 U/L (normal) para 97.0 U/L (anormalmente elevado). Isso é tomado como sinal de dano hepático. Não apenas isso, mas o nível de gordura nas células do fígado desses indivíduos aumentou em mais de 150% (impressionante, para apenas 4 semanas).
Parece que temos evidências de que se entupir de fast-food acaba sendo ruim para o nosso peso e fígado. Mas o que foi interessante sobre o estudo é que os autores observaram a relação entre diferentes elementos da dieta e as mudanças nos níveis de ALT. Em outras palavras, eles queriam ver se conseguiam encontrar o que, dentro do fast-food, que parecia ter danificado o fígado.
Os pesquisadores descobriram que os níveis de ALT não estavam relacionados à ingestão de gordura, proteína ou calorias totais, mas estavam associados com a de carboidratos. Quanto maior a ingestão de carboidratos, mais altos os níveis de ALT ficavam.
Essa semana vimos a publicação de um estudo que reforça ainda mais a idéia de que carboidratos podem ser especialemente ruins para o fígado.
Nesse estudo, 18 adultos obesos (média etária de 45 anos e IMC médio de 35) fora colocados em uma de duas dietas por um período de duas semanas [2]. Essas dietas eram:
- a sua dieta usual, mas restrita a 1200-1500 calorias por dia
- uma dieta com pouco carboidrato, limitando os carbs a menos de 20g / dia, mas sem restrição no total de calorias
O estudo durou duas semanas. Ao final do período, ambos os grupos perderam quantidades similares de peso (média de 4.0kg no grupo que restringiu calorias, comparado a 4.6kg no grupo que restringiu carboidratos).
Ambos os grupos viram redução significativa na quantidade de gordura em seus fígados.
Entretanto, a redução foi cerca de duas vezes maior no grupo que restringiu carboidratos (uma média de 55%, versus 28% no grupo que restringiu calorias).
Uma razão potencial para isso era o fato de que o fígado provavelmente estava produzindo menos gordura em resposta à ingestão diminuída de carboidratos. Mas, é possível que o corpo estivesse "queimando" gordura mais efetivamente também ? Parece que sim: a oxidação de gorduras foi demonstradamente mais alta no grupo que restringiu carboidratos.
Uma explicação potencial para isso é que quando o fígado produz gordura, ele produz também uma substância (chamada malonil-CoA) que inibe o transporte de gordura para as mitocôndrias (estruturas geradoras de energia nas células) onde elas podem ser metabolizadas.
Colocando de outra maneira, quando os carboidratos são restringidos, o fígado produz menos gordura, e isso na prática permite que a gordura chegue mais facilmente às mitocôndrias, onde ela pode ser queimada.
De forma geral, o que esse estudo mostra é que se você quer se livrar de excesso de gordura no fígado (ou em qualquer outra parte), provavelmente a sua melhor chance de sucesso está numa dieta mais pobre em carboidratos.
Referências
1. Kechagias S, et al. Fast-food-based hyper-alimentation can induce rapid and profound elevation of serum alanine aminotranferase in healthy subjects. Gut 2008;57(5):649-54
2. Browning JD, et al. Short-term weight loss and hepatic triglyceride reduction: evidence of a metabolic advantage with dietary carbohydrate restriction. Am J Clin Nutr March 2 2011
O difícil é fazer as pessoas entenderem isso. Acreditam que a gordura no fígado só pode ser da ingestão de gordura!
ResponderExcluir