Colesterol: Mitos x Fatos

Artigo traduzido por Hilton Sousa. O original está aqui.

Por Jonny Bowden e Stephen Sinatra



O colesterol é uma molécula muito mal-compreendida.

E apesar de muitas pessoas não estarem conscientes disso, há muito tempo uma minoria de médicos, pesquisadores e profissionais da saúde que acreditam que o colesterol e a gordura foram erroneamente condenados como causadores de doença cardíaca. Junto com muitos dos nossos colegas profissionais da saúde, nós acreditamos que essa ênfase no colesterol desviou a nossa atenção do que acreditamos ser os promotores reais das doenças do coração: inflamação, danos oxidativos, estresse e açúcar.

Nós acreditamos que a evidência contra o colesterol enquanto fator causal da doença cardíaca é muito mais fraca do que se acreditava previamente, e colocamos tal opinião no nosso novo livro, "O grande mito do colesterol", completa com centenas de referências médicas de jornais revisados por pares. Também acreditamos que as estatinas usadas para baixar o colesterol estão sendo mais prescritas que o necessário, e não sem efeitos colaterais significativos.

Colesterol é necessário à vida. Ele é a molécula-pai para todos os principais hormônios sexuais, incluindo estrógeno, progesterona e testosterona. É necessário para o sistema imune, e é essencial para o cérebro. (Na prática, um dos efeitos colaterais mais severos da medicação para baixar o colesterol é a perda de memória).

Conforme afirmamos no programa de TV (N.T.: o programa em questão é o "Dr. Oz", exibido na TV a cabo americana): "Tentar evitar a doença cardíaca baixando o colesterol é como tentar reduzir as calorias tirando a alface do seu hamburguer". Não é que a alface não tenha calorias - é apenas o alvo errado.

E o colesterol é o alvo errado se você está tentando evitar doença cardíaca.

Acreditamos com fervor que nem o colesterol nem a gordura são os grandes vilões da dieta americana - o açúcar é que é. Também acreditamos que o caso contra o colesterol, que foi iniciado quase 30 anos atrás, foi baseado em evidências falhas. O caso precisa ser reaberto e a evidência precisa ser re-examinada.

A crença no "Grande Mito do Colesterol" nos fez negligenciar a causa real da doença cardíaca enquanto nos focávamos obsessivamente em uma molécula inócua que é essencial para a vida e que acreditamos ter apenas um pequeno papel na doença.

O Grande Mito do Colesterol é na realidade uma série de mitos relacionados que impactam tudo, da nossa dieta à maneira como tratamos a doença cardíaca. Aqui estão diversos dos quais acreditamos serem os maiores:

Mito: Colesterol alto é um bom preditor de ataques cardíacos.
Fato: Colesterol alto é um péssimo preditor de ataques cardíacos.

Mais da metade das pessoas admitidas em hospitais com doença cardiovascular tem colesterol normal, e muitas pessoas com colesterol elevado tem corações perfeitamente saudáveis.

Um indicador muito melhor do seu risco geral para ataque cardíaco é a proporção triglicérides/HDL. Se, por exemplo, os seus triglicérides estão em 100 e o seu HDL é 50, a sua razão é 2. Se entretanto, os seus triglicérides são 150 e o seu HDL é 30, a sua razão é 5. Uma razão de 2 ou menos é excelente. Uma razão de 4 é considerada alta, com risco aumentado.

Um estudo de Harvard, publicado no jornal "Circulation", mostrou que pessoas com as razões triglicérides/HDL mais alta tinham 16 vezes maior risco de infarto do que as com razões mais baixas. Na prática, a razão triglicérides/HDL foi o mais forte preditor de ataque  cardíaco, ainda mais precisa que a razão LDL/HDL.

Mito: Colesterol alto é a causa da doença cardíaca
Fato: Colesterol é um fator quase insignificante na doença cardíaca.

Inflamação é a causa primária da doença cardíaca. É assim que acontece: pequenos estragos no revestimento das artérias inflamam-se. Partículas pequenas, densas e oxidadas (danificadas) de colesterol LDL-B (entre outras coisas) ficam aprisionadas no local do estrago; o dano oxidativo e a inflamação aumentam, criando em última análise uma borra tóxica que pode se transformar em placa. Apenas as partículas pequenas e oxidadas do LDL-B são um problema, e só são problemáticas quando há inflamação.

Mito: Reduzir o colesterol com estatinas vai prolongar sua vida.
Fato: Há dados conflitantes sobre se as estatinas tem qualquer impacto na longevidade.

A maioria dos estudos sobre redução de colesterol não mostra quaisquer diferenças nas as taxas de morte entre os pacientes que tomam estatinas e os que não tomam. No estudo PROSPER, o uso de estatinas em mulheres com doença cardíaca conhecida resultaram em uma pequena redução na mortalidade por doença cardíaca; entretanto, isso influenciado por mortes adicionais por câncer e outras causas, então o "ganho" líquido geral em termos de vidas salvas foi um grande zero.

Mito: Estatinas são perfeitamente seguras.
Fato: Estatinas tem efeitos colaterais significativos, incluindo perda de memória e libido, dor muscular e fadiga.

Pesquisadores da University da Califórnia em San Diego descobriram que a maioria dos médicos descartaram alguns importantes efeitos colaterais que podem ter sido causados pelas estatinas. Aproximadamente 65% dos médicos no estudo deixaram passar alguns efeitos colaterais ou não ligaram algumas reclamações com a medicação. Enquanto isso, os efeitos colaterais tais como esquecimentos, perda de interesse sexual, fadiga e dores musculares continuaram a ser relatados.

Mito: estatinas são apropriadas para homens, mulheres, crianças e idosos
Fato: o único grupo sobre o qual as estatinas demonstraram um efeito modesto foi em homens de meia-idade que já tinham tido um infarto.

Um estudo de 2004 publicado no Jornal da Associação Médica America, pela Dr. Judith Walsh (4) descobriu que o tratamento com estatinas para reduzir colesterol em mulheres não gerou qualquer benefício sobre a mortalidade. Um estudo de 2007 afirma que não há evidência para mostrar que dar estatinas a mulheres as mantem livres de doença cardíaca, e estatinas nunca foram testadas a longo prazo em crianças.

Mito: gordura saturada é perigosa.
Fato: Estudos recentes, revisados por pares, não mostraram qualquer associação de gorduras saturadas com doença cardíaca.

Dois grandes estudos nos últimos anos concluíram que não há associação entre a ingestão de gorduras saturadas e doença cardíaca. Em um estudo, o pesquisador escreveu: "a ingestão de gordura saturada não foi associada com um aumento no risco de doença coronária ou derrame, nem foi associada com risco aumentado de doença cardiovascular".

Mito: Quanto mais alto o seu colesterol, menor a sua expectativa de vida.
Fato: No Estudo Framingham, as pessoas que na prática viveram mais tinham o colesterol mais alto.

Um estudo publicado no Jornal da Sociedade Geriátrica Americana mostrou que aqueles com níveis de colesterol mais baixo que 189 eram muito mais propensos a morrer do que aqueles com níveis mais altos. "Sujeitos com baixos níveis de colesterol total estão em risco mais alto de morrer mesmo quando muitos fatores são levados em consideração", o pesquisador escreveu.

Mito: Uma dieta rica em carboidratos protege o seu coração da doença
Fato: Dietas que substituem gordura saturada por carboidratos podem na prática aumentar o risco de doença cardíaca.

Um estudo feito por Dariush Mozaffarian, de Harvard, mostrou que em mulheres pós-menopausa, a ingestão de quantidades maiores de gordura saturada estava associada com menos progresso de aterosclerose coronária, enquanto a ingestão de carboidratos estava associada com uma progressão maior. Essa conclusão foi tão surpreendente que o Jornal Americano de Nutrição Clínica (JANC) publicou um editorial chamado “Gordura saturada previne contra doença arterial coronariana ? Um paradoxo americano”. O estudo de Mozaffarian, publicado no JANC, mostrou que trocar gorduras saturadas por carboidratos de alto índice glicêmico estava associado com u maumento de 33% no risco de infarto.

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