A economia da obesidade: por que as pessoas pobres são gordas ?

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Algum tempo atrás, eu li um artigo (não relacionado a dietas) no qual uma série de estrangeiros morando nos EUA listavam “quais as maiores diferenças entre os seus países de origem, e os Estados Unidos”. Um dos entrevistados, não me lembro se africano ou asiático, fez um comentário que me deixou com a pulga atrás da orelha:
“O que eu acho mais estranho nos Estados Unidos, é que aqui as pessoas pobres são mais gordas que as ricas”.
Hoje, esbarrei com o artigo abaixo. É antigo (2011), não retrata tudo o que acredito (a crença nas “calorias” como fonte primária da obesidade, e na prática de exercício como maneira de controlá-la), mas ainda assim é muito bom.
O original está aqui.
A foto abaixo representa o que a pobreza aparentava durante a Grande Depressão
E isso é o que a pobreza aparenta hoje…
Pela maior parte da história registrada, a gordura era reverenciada como sinal de saúde e prosperidade. Ser roliço era um símbolo de status. Mostrava que você não tinha que fazer trabalho manual para o seu sustento. E isso significava que você podia comprar quantidades suficientes de comida.

Para a maioria das pessoas, entretanto, ser gordo simplesmente não era uma opção. A luta constante para caçar e colher garantiam que permanecêssemos ativos. E para todos aqueles com pouco dinheiro, o suprimento de calorias era escasso. Isso garantia que a maioria da classe trabalhadora permanecesse magra.

Pessoas ricas eram gordas. Pessoas pobres eram magras.

Hoje, o oposto polar é verdade. Numerosos estudos mostram que crianças e adultos de baixa renda tem probabilidade muito maior de ter sobrepeso do que aqueles com mais meios. E a distribuição estatística segue uma curva perfeita – à medida que a renda diminui, a taxa de obesidade aumenta.

O gráfico abaixo, de um estudo populacional no estado do Utah, põe isso em pespectiva. A barra mais alta na esquerda representa o grupo com menor renda… e a maior taxa de obesidade.

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Percentual de adultos obesos x Categoria de renda
Logicamente, isso não faz sentido e é contrário à nossa experiência histórica. Como pode ser que as pessoas com menos dinheiro para gastar são as com maiores chances de terem sobrepeso ?

Não há falta de sugestões das razões para isso. Aqui estão apenas algumas com as quais esbarrei:

  • Pessoas pobres não tem educação sobre nutrição (eles nunca aprenderam que Doritos e donuts não são uma refeição saudável)
  • Pesssoas pobres são muito preguiçosas (ou muito ocupadas trabalhando) para cozinhar comida de verdade
  • Pessoas pobres estão muito cansadas após trabalharem dois turnos, para se exercitarem o suficiente
  • Pessoas pobres não tem acesso a academias de ginástica ou feiras de produtos frescos
Há um pouco de verdade em todas essas afirmações. Mas elas certamente não se aplicam a todos os trabalhadores de baixa renda. Cada uma exibe um erro significativo. E nenhuma delas identifica a razão real pela qual a pobreza moderna está tão proximamente correlacionada com a obesidade.

A razão real pela qual as pessoas pobres são gordas

Professor e pesquisador sobre obesidade, Dr. Adam Drewnowski decidiu determinar o motivo de a renda ser o preditor mais confiável para obesidade nos EUA. Para fazer isso, ele levou um dólar hipotético à mercearia. Seu objetivo era comprar quantas calorias fossem possíveis por dólar.

O que ele descobriu é que podia comprar muito mais de 1000 calorias em biscoitos ou salgadinhos tipo “chips”. Mas o seu dólar só compraria 250 calorias de cenouras. Ele poderia comprar quase 900 calorias de refrigerante… mas apenas 170 calorias de suco de laranja.

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Se você é pobre e faminto, você obviamente vai comprar as calorias mais baratas que conseguir encontrar. E no mundo de hoje, as calorias mais baratas vem de comida-lixo – sejam aquelas encontradas na mercearia, no posto de conveniência ou no restaurante fast-food, convenientemente localizado na esquina.

Mas isso levanta outra questão. Como é que comidas industrialmente processadas e seus custos de marketing associados podem ser tão mais baratas que comidas reais, integrais, feitas a partir de água, sementes e luz solar ?

Em um artigo do New York Times, o autor Michael Pollan faz essa mesma questão…


“Comparado com um punhado de cenouras, um pacote de Twinkies é uma peça de manufatura altamente complicada, de alta tecnologia, envolvendo não menos de 39 ingredientes, muitos dos quais são eles mesmos elaboradamente manufaturados, bem como a embalagem e um grande orçamento de marketing. Então como é que o supermercado consegue vender um par desses pseudo-bolos sintéticos recheados de creme por menos que um punhado de raízes ?”

Pollan prossegue para responder sua própria questão…

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“O Twinkie é basicamente um arranjo esperto de carboidratos e gorduras extraídos do milho, soja e trigo – três das cinco lavouras mais comuns que são subsidiadas pelo governo, ao som de 25 bilhões de dólares por ano”.

A razão primária pela qual pessoas de baixa renda tem mais sobrepeso é  porque as comidas menos saudáveis e mais engordantes são as mais baratas. Se você estiver quebrado e só tiver 3 dólares para gastar em comida hoje, você compraria um brócolis ou um McLanche com batata frita, cheeseburguer e Coca ?

Se você está lendo essa publicação, você pode até escolher a primeira opção. Mas para a maioria das pessoas que tem muito pouco para gastar em comida, a escolha é clara.

E não se engane. Isso não representa uma falha do sistema capitalista de livre-mercado. O agro-negócio moderno e as políticas alimentares governamentais representam uma versão pervertida do capitalismo – o capitalismo dos amigos íntimos – na qual aqueles com mais dinheiro e mais amigos poderosos no governo, controlam os mercados.

O que eles fizeram foi usar os dólares dos seus impostos para subsidiar certas colheitas (às custas de outras) para garantir que o custo dos óleos vegetais, açúcar e grãos fique artificialmente baixo. Com baixos custos de matéria-prima, os produtores podem tirar um belo lucro. O resultado final é que comidas processadas – ainda que requeiram mais tecnologia, mais trabalho e mais marketing para fabricar e vender – são mais baratas para o consumidor que comidas reais.

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Considere que entre 1985 e 2000, os preços ajustados pela inflação de frutas e verduras aumentaram na média 40%. Durante o mesmo período, o preço real dos refrigerantes diminuiu quase 25%.

Não há dúvida que a obesidade se tornou uma crise de saúde pública. Mas como a maioria dos políticos não entende a questão ou porque são muito corruptos para fazer a coisa certa, muitas “soluções” para essa crise são completamente inúteis.

Alguns políticos estão pedind opor impostos para pessoas gordas. Atualmente, muitos governos estaduais impuseram impostos sobre refrigerantes e comida-lixo. E os pedidos por taxas similares no nível federal estão ficando mais fortes.


É completamente insano que em um país no qual o médico-chefe identificou “uma epidemia de obesidade”, estejamos subsidiando a produção de xarope de milho de alta frutose. É igualmente insano que o governo esteja artificialmente baixando o custo de comidas que estão aumentando os custos nacionais com saúde pública (isto é, nos matando), enquanto promove um debate sobre como vamos pagar por esses custos.

Então o que você pode fazer ?

Eu sou um forte defensor dos mercados livres. Se eu tivesse o poder, não sugeriria mudar os subsídios das colheitas insalubres para colheitas consideradas saudáveis. Eu sugiro deixar o jogo igual ao remover os subsídios sobre comida completamente.

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Mas isso obviamente não vai acontecer…

Com o sistema atual, o melhor que podemos esperar é uma situação na qual os fundos públicos sejam desviados das agro-gigantes  (que nada mais são que uma previdência para os ricos) para fazendas familiares e produtores de frutas e verduras. Atualmente, cerca de 70% dos fazendeiros não recebe subsídio algum, enquanto os maiores mais fortes levam a maior parte do dinheiro público.

Fundos públicos para fazendas e comida deveriam ser direcionados a ajudar a construir sistemas de comida locais e sustentáveis. Esses fundos deveriam favorecer metódos naturais, orgânicos e sustentáveis, ao invés das práticas químicas e industriais que poluem nossos rios e corpos.

Lanchonetes publicamente financiadas em escolas, prisões e hospitais deveriam ser obrigadas a requerer parte de suas matérias-primas de produtores regionais. E programas de assistência social, como vales-refeição, deveriam ser aceitos em feiras de produtores e outras alternativas mais saudáveis que o Burger King.

Isso faria muito mais para judar a “crise de obesidade” do que taxar bebidas em 5 centavos por 100mL.


Mas você quer saber a verdade ?

Muito pouco do que eu acabei de propor tem chance de acontecer. Não importa quanto sentido faça. E não importa o quanto a população grite e proteste contra o sistema corrente. Os poderes corporativos existentes são simplesmente muito poderosos e muito bem entrincheirados em Washington.

A sua melhor chance é votar com seus dólares e seus pés.

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Escolha comidas integrais, naturais, ao invés das processadas. a maioria das comidas que você traz para casa da mercearia não deveria ter ingredientes. Elas deveriam SER ingredientes. Se possível, compre sua comida diretamente de pequenas fazendas e fazendas pertencentes a famílias. E sempre que puder, escolha comidas que são plantadas localmente.

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