Contagioso!

Quando fiz a mudança para paleo/LCHF em março/13, não conhecia mais ninguém que praticasse - lia o blog do Sisson e algumas outras fontes, e era só. Pelo desconhecimento, muita gente deu pedrada certeira: me diziam que era loucura, que "as veias iam entupir", que eu estava me matando. No trabalho, compravam pizzas e sorvetes (coisas que até então, eu adorava e comia aos montes) e faziam questão de vir até a minha mesa comendo, para eu sentir o cheirinho :-) 

Em família, os muitos anos de bombardeamento com "gordura faz mal" deixaram todo mundo de orelha em pé - e parecia não haver força no mundo capaz de mudar o conceito.

À medida que fui vivenciando a mudança, estudando e formando minha opinião (no começo, era tudo um teste: se meus indicadores sanguíneos não "melhorassem" em 2 meses, a missão seria abortada), fui colhendo resultados (saúde melhorando), ganhando confiança e a vendo ser refletida em outras pessoas à minha volta.

No trabalho, depois de 3 meses, um colega se juntou à jornada (hoje em dia, já conta com 20kg a menos, normalizou os indicadores de esteatose hepática e tem o ácido úrico praticamente sob controle). Pouco tempo depois, um segundo colega decidiu abandonar "apenas" o trigo (9kg a menos hoje!). Depois outro, e outro, e outro... Somados, já deixamos uns 100kg e muitos indicadores ruins para trás :-D

A notícia correu pela empresa, e hoje somos "os caras da dieta maluca", "o Pastor Hilton e sua igreja", "o Dr. Hilton e seus pacientes" :-D

Só que apesar da "maluquice" e do escárnio, volta-e-meia aparece outro gato-pingado querendo saber mais. Eu sempre faço uma preleção dos princípios e redireciono para o blog do Dr. Souto - que é o maior repositório de informação sobre o assunto em português.

Fora do trabalho, não foi muito diferente... Esposa, irmãos e amigos, foram todos vendo que a mudança não parecia "tão assassina" quanto pensavam - alguns se juntaram também, e devagarzinho a coisa vai andando.

Gosto muito da consideração feita por um sobrinho - que não concorda inteiramente com LCHF por acreditar que se a pirâmide alimentar tradicional fosse praticada com moderação (e ele reconhece que raramente é), a diabetes, obesidade e problemas cardiovasculares crescentes não seriam tão preocupantes: 

"Em tempos ancestrais, a expectativa de vida era teoricamente baixa pela falta de saneamento, de medicamentos, etc. Hoje, a expectativa de vida é muito maior, mas em contrapartida temos os problemas causados por uma alimentação cheia de químicos, consumidos em excesso - que geram mortes prematuras. Antes morria-se aos 10-20-30 por falta de cuidados médicos. Hoje, morre-se aos 40-50-60 por excesso de química, de álcool, de tabaco. Se aderirmos aos hábitos LCHF, morreremos aos 100 ? Não sei, mas eu diria que outros problemas de saúde vão se tornar comuns, se e quando os assassinos atuais forem controlados."

Não há como não concordar com essa colocação, a meu ver. Sendo ligado à computação, sei que todo sistema tem um "gargalo": se o seu computador está lento, e o problema é a memória, você coloca mais memória. Mas aí, com a memória rápida, o HD passa a ser o ponto fraco. Aí você troca o HD por um mais rápido, e agora o que limita a performance é a placa de vídeo, e vai por aí. Todo sistema é tão forte quanto seu elo mais fraco.

No entanto, precisamos perceber que "haver sempre um elo mais fraco" é um fato. E esse fato não deveria limitar a vontade de melhorar o todo. Se meu pai faleceu aos 60 por causa de excesso de cigarro e álcool durante a vida, nada me garante que eu vou passar dos 60 se não fumar e nem beber - mas será que não vale a pena tentar ?

O volume de gordura que eu como pode me trazer problemas aos 80 ? Não tenho a resposta agora, mas sei que o volume de carboidratos que eu consumia me trazia problemas aos 37. Poderia simplesmente ter diminuído o volume de carboidratos agora, e pagar para ver. O que fiz é uma aposta, e por todas as evidências que tenho tido, a prova final vai compensar.

Apesar do tom às vezes messiânico, gosto do que o Mark Sisson escreve. E um dos motes de seu método primal é "Live long, drop dead". Literalmente, "Viva muito, caia morto" - uma referência a ter uma vida longa com saúde, baseada em princípios simples (alimentação, exercício e repouso), para então morrer de uma vez, quando seu tempo na Terra expirar - sem sofrimentos por doenças degenerativas, de preferência.

Afinal de contas, a vida é uma doença hereditária com 100% de mortalidade. Todos morreremos um dia, isso é fato.

O que muda é como viveremos até esse dia chegar.

Comentários

  1. Sou sua ovelha de muito bom grado! rsss J.

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  2. Passo pela mesma situação no trabalho... sou o "líder da seita"! kkk

    Parabéns pelo trabalho... as traduções me ajudam a difundir a tese por aí!

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  3. Perfeito! Dr.Hilton!
    Aos poucos as pessoas vão se convertendo, ontem foi meu pai! ;)
    Nosso papel é falar para quem a gente gosta e as que interessam sobre o assunto sobre como melhorar a saúde e bem estar com esse estilo de vida, através do conhecimento, benefícios ,experiência que estamos vivendo, e mostrar para eles os motivos pelos quais sabemos que a maioria das coisas que até então era senso comum estão erradas ou simplesmente não é o melhor caminho.
    Se ele entrarem no barco , MARAVILHA !!!
    Se não é respeitar , dar tempo ao tempo ,
    Cada um tem seu livre arbítrio , suas prioridades , e o que é bom para GENTE talvez a pessoa não ache o mesmo!
    Mas teremos consciência tranquila ,que fizemos nossa parte!
    Afinal quem avisa , AMIGO é!

    Aproveito para agradecer, todo seu apoio e ajuda!
    Sucesso sempre!

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    Respostas
    1. Que beleza, o seu pai tentar a mudança! Eu ainda não consegui convencer a minha mãe - tempo ao tempo.

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  4. Adorei esse texto!! Fantástico! Parabéns

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  5. É um pouco duro quando vc começa e quem está ao seu lado te olha com desdém e diz que já sabe que vc irá, em breve, abandonar mais uma modinha.
    Dar tempo ao tempo é o melhor remédio.
    Adorando seu blog!

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