Entre erros e acertos, comecei a entender como meu corpo funciona

Aos 17 anos sofri de hipertensão e tive eclâmpsia após o parto do meu 1º filho. 1 ano depois não menstruava mais, fui diagnosticada com "Ovários Micropolicísticos" e comecei o tratamento com Diane 35. Desisti do tratamento e só consegui engravidar 6 anos depois, porém mesmo tendo um bom acompanhamento médico na 2ª gravidez, novamente sofri com a hipertensão. 

Sabendo que tinha pai e mãe obesos e diabéticos tentava me manter saudável com dietas de fome, usava adoçantes químicos e praticava exercícios. Tinha crises de sinusite, rinite e urticárias, e durante os anos que se seguiram tive várias recorrências de hidradenite nas axilas (pequenos abcessos) e crises terríveis de cistites ao ponto de expelir cálculos e sangue na urina. Nos meus exames de sangue dava sempre cristais de oxalato de cálcio que me faziam cada vez mais dependente de medicamentos (ciprofloxacino).

Logo em seguida começaram as crises de bursite no ombro direito, que me impediam de levantar o braço. Fazia fisioterapia e tomava injeções de (diprospan) a cada 6 meses - mas essa dor me acompanhou até eu largar meu trabalho de confeiteira. Aos 37 anos, no novo emprego, comecei a ter tendinite e síndrome do túnel do carpo. Sofria com dormência nas mãos e novamente fiquei dependente de medicamentos fortes. Foi quando comecei a ganhar peso. 

Um câncer de placenta (mola hidatiforme) me impediu de ser mãe no meu 2º casamento aos 38 anos. Foram 12 meses de tratamento na Santa Casa de Misericórdia. Até então me sentia saudável e achava que tinha uma boa alimentação e que as dores eram por conta do trabalho de telemarketing e o câncer por causa do estresse – afinal essas eram as palavras dos médicos e nenhum deles nunca mencionou a hipótese de eu ter síndrome metabólica ou de ser pré-diabética. Só diziam que eu estava um pouco acima do peso... na época eu pesava 70Kg.

Nova mudança de vida aos 42 anos: voltei a meu antigo ramo da confeitaria e as dores sempre acompanhando. Apareceu a artrite reumatóide nas articulações das mãos e tornozelos, e eu tinha a sensação de que milhares de agulhas me furavam as juntas; e as pontas dos dedos das mãos inchavam tanto que mal podia segurar um copo plástico. Tudo caía das minhas mãos. O ortopedista me encaminhava para o reumato, e o reumato me mandava de volta para o ortopedista.

Medicamentos para condropatias são muito caros e eu ficava cada vez mais doente – ao ponto de não conseguir mais trabalhar. Então veio a depressão e mais ganho de peso, chegando aos 45 anos com mais de 85Kg. No final de 2016 apareceram dois xantelasmas nas minhas pálpebras inferiores e no início de 2017 começou meu tormento de não conseguir dormir por conta da uma dormência no braço esquerdo e um peso horrível na nuca que descia para o braço com a sensação de peso nos ombros. Não conseguia fazer uma simples caminhada por conta das dores, comecei ter refluxo e mal-estar após as refeições, dormia quase sentada.

Apesar das minhas frustrações com os médicos e medicamentos, decidi procurar um dermatologista para saber como retirar os xantelasmas. Para minha surpresa a pressão estava 18/11 – novamente estava hipertensa – e os exames mostravam uma isoenzima CK-MB elevada indicando um princípio de infarto; estava com colesterol, triglicerídeos e glicose elevados com forte indício de esteatose hepática e pré-diabetes. Então fui encaminhada ao cardiologista, que novamente culpou meu peso e me passou 5 medicamentos que eu teria que tomar para o resto da vida. Fiquei 2 meses na medicação com a sensação de derrota e fracasso. Tantos anos me cuidando e acabei aqui igual a todos que eu criticava: gorda e doente.

Como já tinha passado por diversas dietas ao longo da vida e sabia mais ou menos o que fazer, decidi que não ia ser como minha mãe e meu falecido pai. Já conhecia o trabalho do Dr. Souto através do blog dele e comecei minhas pesquisas sobre lowcarb em vários grupos, vídeos, podcasts, em sites e documentários. 

Entre erros e acertos, comecei a entender como meu corpo funciona e como desenvolvi todas as doenças que tive, descobri o mal que o trigo causou ao meu sistema imunológico, e como a síndrome metabólica me fez ter tantos problemas por causa da insulina elevada. Sigo na lowcarb, estilo de vida totalmente novo; pratico jejum intermitente para me curar e não tomo medicamentos há mais de 10 meses. Pratico exercícios funcionais 3 vezes por semana, estou livre de todos os males que me afligiram a vida toda. Sou uma nova pessoa, mais forte, e consegui até agora eliminar 20kg sem fome e sem sacrifícios. O estímulo que tenho é a vontade de viver para ver meus netos crescerem e fazer minha família seguir meus passos.

Tive muitos problemas na família e sei que isso me prejudicou um pouco por causa da ansiedade, mas logo que tudo estiver resolvido sei que vou conseguir emagrecer mais 5kg e chagar na minha meta que é 60kg.

Míriam

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