A cada dia, sua surpresa!

Como os leitores assíduos devem saber, já tenho uma filha (Sara, hoje com 6 anos). No ano passado, minha esposa e eu resolvemos tentar ter mais um pimpolho – e após termos perdido um bebê por volta de agosto/2015, uma nova gravidez iniciou-se.

O Bruno teve uma gestação meio conturbada: minha esposa teve contrações inesperadas aos 4 meses, depois o moleque chutou prá caramba (genes de capoeirista feito o papai ? :-). Por outro lado, minha esposa não vomitou uma vez sequer – embora tenha tido muito enjôo. Bem diferente da gravidez da Sara, que era uma menina quietinha mas que fez a mamãe vomitar durante uns 4-5 meses...

Na semana do dia 01/07, tivemos um alarme falso. O Bruno já não seria mais considerado prematuro, mas ainda faltavam 3 semanas. Foi um susto, mas ele ainda segurou as pontas e ficou dentro da barriga.

No dia 11/07/2016 às 18h59 a paciência dele acabou-se :-D

Minha esposa tinha tido contrações o dia inteiro (o que nessa época da gravidez, é razoavelmente normal: o útero está "treinando" para o gran finale), então fomos à obstetra por volta das 18h. Ela disse que o colo do útero ainda estava espesso, que a dilatação ainda era pouca (2-3cm) e que por isso ainda levaria algumas horas para nascer. Seria naquele dia, porém na madrugada!

Já tínhamos pedido para a Sara dormir na casa de uma das tias, então voltamos para a nossa casa e ficamos aguardando o momento de ir para o hospital. O nosso prédio fica literalmente a meio quarteirão da maternidade onde o parto iria acontecer. Iríamos a pé, porquê "como todo mundo sabe", bebês não nascem de uma hora para outra.

Sabe de nada, inocente.

As contrações foram ficando fortes, e eu fui massageando as costas da minha esposa. Em determinado ponto, a bolsa se rompeu. Ora, bolsa rompida é razoavelmente normal: a literatura diz que o nascimento pode acontecer horas e até mesmo poucos dias (!) depois. Ligamos para a médica e ela disse que para garantir, melhor seria irmos para o hospital de uma vez. Ela já iria preparar a nossa chegada. A essa altura já tínhamos ligado para a doula, que estava a caminho.

Como a minha esposa tinha ficado suja com o rompimento da bolsa, ela preferiu tomar um banho quente para se lavar e aliviar a dor. Já tínhamos estrategicamente um banco no chuveiro, para ela não ter que ficar de pé.

Ela foi se lavando, tomando água quente nas costas, e eu fui massageando (estava de pé, fora do box, mas alcançava as costas dela). Algumas contrações e então "Eu estou sentindo a cabecinha dele. Vai nascer. Pega ele!".

Adrenalina por todas as células. Achei que meus rins iam derreter e que as adrenais iam sair pelas minhas orelhas. Tive o tempo de estender as mãos, e o Bruno voou. Parto expulsivo, com força.

Ele "quicou" na minha mão, escorregou, e eu o peguei no ar novamente. Choro de bebê. Meu pacotinho tinha chegado ao mundo. Medidas práticas: o bebê ainda estava ligada ao cordão, que ainda estava ligado à placenta, que ainda estava ligada à mãe. Chuveiro ligado. Bebê chorando. Eu chorando. A minha esposa chorando. Passa o bebê por entre as pernas da esposa, para que ela o ponha no colo. Estou coberto de sangue, tentando ligar para a médica. Lavo as mãos. A médica não atende. A doula não atende. Vou buscar toalhas para enxugar a minha esposa. Forro a cama com um plástico enorme, e cubro com um lençol. A minha esposa vem com o Bruno no colo, o cordão umbilical ainda ligando os dois. Não consigo parar de chorar, mas vou me virando. Limpamos o bebê do jeito que dá.

Consigo falar com a médica, que a princípio não acredita que o bebê nasceu. Acho que ela ficou mais chocada que nós dois. Consigo falar com a doula, que diz "O QUÊÊÊÊÊÊÊ ?!?!" mas que também dá risadas de felicidade pelo parto bem-sucedido em casa. As duas, médica e doula, chegam com um intervalo de 10-15 minutos. A médica corre para a maternidade (é pertinho de casa, lembram-se ?) e volta com uma enfermeira e aparato para clampar e cortar o cordão (a tesoura fica comigo). A médica faz o parto da placenta (que eu por um instante pensei em pedir para congelar e fazer na chapa com alho e dendê depois, já que parece fígado de boi – mas no calor do momento, deixei a idéia de lado).

De lá, vamos para a maternidade (queríamos ir a pé, mas a médica não deixa). A minha esposa e o Bruno sobem para fazer um check-up, e eu fico organizando as coisas (burocracia de internação, basicamente). Meus braços ainda parcialmente cobertos de sangue seco, bermuda camuflada de preto, branco, cinza (cores originais) e vermelho. Sapatos (sim, eu estava calçado :-) e meias salpicados de sangue.

Os dois chegam ao quarto por volta das 22h30. O bebê nasceu com 47cm e 2.555kg. Um pouco menor que a Sara quando nasceu. A minha esposa está bem, mas o Bruno nasceu com icterícia (o famoso "amarelão") – é quase tradição de família, pois a Sara nasceu assim também. O meu tipo sanguíneo e o da minha esposa têm incompatibilidade ABO, então já era esperado... E fácil de tratar: fototerapia por alguns dias. 

Nesse instante, estou em casa: a minha filha estava aos prantos por não poder ficar com a mamãe e o bebê no hospital, e não queria ir dormir na casa da vovó. Então a vovó foi para o hospital e eu vim para cá com a baixinha. Nos próximos dias, acredito que minhas postagens serão bem espaçadas... 

E é isso. Aconteceu a coisa mais maravilhosa do mundo, e ela aconteceu do jeitinho que acontece na natureza – não estou me referindo ao chuveiro, nem à médica, nem à doula, nem à maternidade. "Os bebês nascem" já tinha dito uma outra amiga nossa que é doula também. Sim, e alguns nascem voando! 

Bem-vindo, meu filho Bruno! Vai ficar na minha memória para sempre o seu corpinho – ainda coberto de secreção – em pleno ar, aterrissando na minha mão; a boquinha aberta chorando seu primeiro fôlego. Tenha certeza que além de ser um homem bom e correto, papai e mamãe vão fazer o máximo para te ensinar a comer comidinha que não te faça mal. 

Pensando na vida


Possivelmente minhas postagens vão sumir por uns dias... Vejamos como a coisa se desenrola!

No mais, um abraço do papai!

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