Comecei a emagrecer pela cabeça
Boa tarde amigos...
Inicialmente gostaria de agradecer os cumprimentos que recebi de todos. Tomei coragem de postar algumas fotos justamente com o propósito de encorajar quem necessita a seguir esse caminho.
Para mim low-carb significa um resgate de vida, a tábua de salvação que me tirou da angústia da minha depressão e me devolveu ao mundo.
Sempre fui um jovem grande, robusto, praticante de artes marciais. Nunca fui esguio, mas tampouco podia ser classificado mesmo como gordinho.
Aos 21 anos, em 2001, pesava 96kg, gozava de ótima saúde e praticava esportes continuamente. Lembro que logo que conheci minha esposa, de quem falarei futuramente, corria frequentemente em um parque da cidade, aproveitando para em seguida visitá-la na livraria onde trabalhava.
Em maio do mesmo ano, passei por um episódio que mudou minha vida. Tinha um primo que foi criado comigo como irmão, só Deus sabe como o amava. Um jovem de 24 anos, cheio de saúde, e com duas pequenas lindas filhas.
No dia oito de maio, na festa de aniversário de 2 anos de sua filha mais nova, conversávamos alegremente sobre o fato de termos sido convidados para padrinhos de uma prima nossa. De repente, sem qualquer sinal anterior de angústia, meu primo André olhou pra mim e apenas disse estar com uma sensação estranha no corpo. Ato contínuo caiu morto de forma fulminante na minha frente, no meio da festa.
Aquilo acabou comigo. Apesar de levar a vida como todo jovem de 21 anos, a ansiedade recontida em minha alma já começava a despontar. Dormia todos os dias sonhando com aquela cena, e sem perceber comia, comia e comia.
Esporte já não era mais uma prioridade, não tinha graça. E seguia comendo, comendo e comendo. Lembro que em 2006, já com cerca de 120 kilos, passei a ter a certeza que morreria como meu primo a qualquer momento.
Em um domingo pela manhã, ao chegar do trabalho, liguei para a Renata, então minha noiva, e disse que se morresse gostaria que ela soubesse que a amava. Recordo que a tarde o Brasil jogaria pela copa do mundo da Alemanha. Aquele foi o primeiro de infindáveis episódios de crise de pânico que me acompanharam por muuuuito tempo.
Peço permissão para abrir um parênteses e falar um pouco sobre a Renata. Essa companheira tem estado a meu lado desde um mês antes do triste episódio que relatei acima.
Nunca, absolutamente nunca, saiu do meu lado. Eu, que em minhas crises acabava por preferir a solidão e muito a deixei de lado. Lembro que em 2009 ela acabara de passar no concurso de delegada de polícia. Nós recém-casados e eu em crises constantes, chegando a ficar por mais de um ano sem trabalhar.
Mesmo tendo que acordar cedo para ir à academia de polícia, ela passava as noites em claro ao meu lado, suportando minha certeza de que um ataque cardíaco me levaria a qualquer momento.
Renata, jamais terei palavras para te agradecer, por cuidar de mim, por acreditar em mim, por me apoiar até mesmo nas insanidades. Te amo demais.
Voltando....
No meio ao tratamento, que envolvia remédios controlados e terapia, na qual eu mais faltava do que ia, a comida permanecia meu melhor refúgio.
Mais uma vez cito aqui minha esposa. Com a melhora do quadro clínico eu juro que tentei emagrecer. A Rê fez todo tipo de comida de dieta que vocês podem imaginar. Quase criei penas, de tanto filé de frango com arroz integral que comi. No intervalo das 3 horas tentava aprender a gostar de frutas, e as consumia regularmente. Mal sabia eu que seguia me matando aos poucos.
2013....
Esse foi um ano especial em minha vida. Ano que iniciou-se minha transformação e o ano em que a razão da minha transformação chegou... Thiago Ricardo, meu amado filho, nasceu no dia 10 de julho.
A felicidade foi tão grande que só não foi maior que MEU CORPO DE 153 QUILOS.
Foi no dia do nascimento dele, com 153 Kg, que aconteceu a virada. Sai da maternidade e vim para casa em uma alegria esfuziante. Sentei diante da TV, lembro que passava um jogo do Atlético Mineiro na Libertadores, e o Jô acabava de fazer um gol com passe do Ronaldinho Gaúcho.
Abri uma lata de batata Pringles e uma garrafa de coca 2 litros. Sorvia com satisfação o líquido borbulhante enquanto degustava saborosamente o salgado.
Pensava em quanto a vida era boa. Estava saindo da depressão, com um filho para cuidar, uma mulher maravilhosa e tudo pela frente. Engraçado que nesse momento em que ocorreu minha catarse, a vontade de mudar definitivamente, eu não pensei em morte, ao contrário, pensei na vida.
Recordo que pensava como seria viver ao lado do Thiago quando de repente um pensamento veio em minha cabeça. Vi claramente uma cena em minha cabeça. Eu buscando-o na escola e um amiguinho dizendo: “Seu pai é aquele gordão” !!!!!
Uma luz se acendeu. Fatalmente meu filho se envergonharia de mim. Aquilo não podia acontecer.
Levantei de inopino, joguei a batata fora, mandei a Coca pelo ralo da pia e disse: NUNCA MAIS. E desde aquele dia não bebo nada que não seja água ou café preto (esse não consigo largar).
Estava decidido a mudar, mas não sabia como. Tudo que tinha feito até então havia falhado. Lembrei que certa vez, há alguns anos, li algo sobre Atkins e cheguei a fazer por algumas semanas. Recordo ter emagrecido, mas fui obrigado a parar pois todos ao meu redor sentenciavam ser aquela a dieta da morte, que me daria gordura no fígado, sobrecarregaria meus rins e me levaria para a morte.
Fui para internet buscar algo nesse sentido e acreditem, no primeiro clique cai no blog do Dr. Souto, de onde não sai até agora.
Aquele lugar é um oásis de conhecimento científico e de magníficas experiências trocadas nos comentários. Li avidamente por dias, voltando postagens, clicando nas citações e me convencendo da única forma que podia ser convencido: com embasamento científico.
A partir dali entrei de cabeça na paleosfera, recebendo dicas e ajudas de diversos lugares. Dr. Souto, Caio (Primal Brasil), Hilton (Paleodiário), Saulo (Coma Paleo), Dr. Peixoto (Lipidiofobia), Paty Ayres, e tantos outros.
Pessoal vocês não sabem o quanto minha família reza por vocês. Vocês me salvaram. Queria poder agradecer a todos pessoalmente. Li "Por que engordamos ?", "Barriga de trigo", "A dieta da mente", "A dieta dos nossos ancestrais" e tudo que vocês podem imaginar.
Comecei a emagrecer pela cabeça.
Restringi meu consumo a comida de verdade. Basicamente salada verde e carne, sem medo da gordura ma sem forçar sua ingestão. Passei a beber muita água e a praticar o jejum intermitente.
O jejum particularmente foi algo com o que me acostumei e sigo não só pela perda do peso, mas porque me sinto muito bem. Jamais voltei a comer de 3 em 3 horas. Como quando tenho fome. Sempre tudo muito simples, verduras, legumes, carne e ovo. Nada mais.
Confesso não ser tão radical quanto a laticínios e alguns embutidos. Se tenho vontade como, mas não são a base da minha alimentação.
Tenho no chocolate 85% cacau um luxo do qual não abro mão. Três ou quatro quadradinhos por dia.
Enfim, talvez vocês quisessem saber mais da dieta do que da minha vida. Peço desculpas se me alonguei em partes desinteressantes para vocês. Na verdade esse texto foi libertador para mim, porque pude rever tudo pelo que passei.
Além do mais, pouco tenho a dizer sobre aquilo que hoje reputo como meu estilo de vida: verduras, legumes (alguns), carne com sua gordura natural e água.
Ah...em tempo. Não fiz muito exercício durante meu emagrecimento. Me limitei a nadar no clube, caminhar de vez em quando e só agora, mais magro, voltar às artes marciais, minha paixão e para onde quero levar o Thi em breve.
E assim seguimos. Hoje com 95kg, comendo tudo que gosto e muito FELIZZZZZ.
Beijo no coração de todos.
Fábio
E você, quer contar a sua história e inspirar outras pessoas ? Se sim, escreva um texto, junte algumas fotos e mande para [email protected].
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