O café da manhã é realmente a refeição mais importante do dia?
Artigo traduzido por Roberta Monteiro. O original está aqui.
O Hopes & Fears responde as questões, com a ajuda de pessoas que sabem do que estão falando. Hoje, nós refletimos se o tudo o nos falamos sobre café da manhã é mesmo verdade.
O café da manhã é superestimado, os especialistas agora afirmam, e separar as refeições em três partes pode nem ser saudável.
Isso é verdade? Cereais de chocolate não são bons para você? Quando você deveria comer, e quanto, e como, e por quê?
Nos voltamos para os especialistas, atrás de respostas.
Marion Nestle
Ex-presidente do Departamento de Nutrição e Estudos sobre Alimentação e Saúde Pública e professora de Sociologia na Universidade de Nova York, autora de diversos livros sobre Nutrição.
A questão não é nem um pouco boba, embora eu sempre ria quando eu a ouço. Isso porque eu sou publicamente considerada uma pessoa que não toma café da manhã – pelo menos não na primeira hora da manhã. Geralmente, eu não sinto fome até as 11 mais ou menos, e raramente como antes disso. Café, sim. Comida sólida, mais tarde, por favor. A ideia de comer tão cedo faz todo o sentido para trabalhadores rurais e crianças pequenas. Se é importante para adultos normais e sedentários, é uma questão diferente.
Muitos – senão a maioria – dos estudos que demonstram que quem toma café da manhã é mais saudável e consegue manter o peso melhor do que aqueles que não tomam, são financiados pela Kellogg ou outra marca de cereais matinais, às quais o negócio depende que as pessoas acreditem que café da manhã significa refeições prontas. Os estudos que são financiados de maneira independente tendem a mostrar que qualquer padrão alimentar promove a saúde se tiver vegetais e frutas, calorias balanceadas e não incluir muita junk food. Para a maioria das pessoas, quando comer é muito mais importante que quanto comer. Se você acorda faminto, com certeza deve tomar seu café da manhã. Se não, coma quando estiver com fome, e não se preocupe com isso. Crianças que não tem acesso a comida decente na escola estariam melhor se tomassem o café da manhã em casa e com certeza aprenderiam se seus estômagos roncassem. ”
Abigail Carroll
Historiadora cultural, autora do Três Quadrados: A Invenção da Refeição Americana
“A questão de tomar ou não café da manhã, e como ele deveria ser composto, não é um tema novo. Nós estamos moldando ativamente nosso ideal de refeição matinal por um longo tempo. Um século e meio atrás, o problema do café da manhã era que ele era muito grande, muito pesado e muito centrado em carnes – pelo menos até a reforma da saúde reparar nisso. Eles convenceram à classe média americana, sofrendo bastante com indigestão no momento, que seria benéfico um café da manhã mais leve, baseado em grãos e vegetariano: cereais, torradas, café, frutas. Nos anos 20, a Beechnut Company, querendo vender mais do seu bacon, contratou um profissional de relações públicas para promover a ideia de que um café da manhã substancial baseado em proteína animal era, de fato, muito mais saudável que cereais e torrada – e o bacon com ovos teve uma grande ascensão. Em se tratando do ideal de café da manhã, o pêndulo oscilou entre pesado e leve por pelo menos 150 anos.
Talvez a razão pela qual os americanos tenham optado por um café da manhã leve (ou nenhum café da manhã) não é simplesmente por terem percebido melhora na saúde ou alguns benefícios, mas simplesmente porque querem ir logo trabalhar e seguir com o dia, e não achamos que temos tempo para gastar com comida. Cereais e torrada não nutriram apenas a barriga dos americanos, mas sim o apetite pela conveniência – e agora as barrinhas de café da manhã e iogurtes, ainda mais convenientes nesse aspecto da coisa, começaram a ter seu espaço. Mas qual é cúmulo da conveniência? Nem tomar café da manhã. Os americanos de um século ou dois teriam riscado a testa com a complexidade desse pensamento. ”
Consumo diário de café da manhã (meninos, meninas)
- Canada: 47%, 56%
- Grécia: 33%, 39%
- França: 56%, 64%
- Portugal: 70%, 75%
- Holanda: 70%, 74%
- Rússia: 51%, 57%
- Inglaterra: 51%, 61%
O consumo de café da manhã e seu estilo de vida sócio-demográfico são correlatos em crianças em idade escolar nos 41 países participantes do estudo do HSBC.
Hábitos de Consumo do Café da Manhã Americano
Cereais Prontos: $8.500.000.000 (Caindo a uma taxa de crescimento combinada dos últimos 5 anos, de 1,5%)
Comidas congeladas, como waffles, panquecas e rabanadas: $1.200.000.000 (Crescendo a uma taxa de crescimento combinada dos últimos 5 anos, de 4,5%)
Café da manhã de delicatessen, especialmente sanduíches de café da manhã: $104.700.000 (Crescendo a uma taxa de crescimento combinada dos últimos 5 anos, de 7,9%)
Fonte: Nielson, 2014
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