Cálculo e doença renal
Artigo traduzido por Hilton Sousa. O original está aqui.
por Barry Groves
É uma crença comum a de que os cálculos de ácido úrico e de oxalato de cálcio são mais prováveis
de se formarem nos rins com uma dieta rica em proteínas e pobre em carboidratos, do que com uma dieta rica em carboidratos com mais frutas e legumes. Essa crença não é suportada pela evidência.
de se formarem nos rins com uma dieta rica em proteínas e pobre em carboidratos, do que com uma dieta rica em carboidratos com mais frutas e legumes. Essa crença não é suportada pela evidência.
Aproximadamente 30 anos atrás, mostrou-se que as pedras nos rins estão associadas com alta ingestão de carboidratos refinados [1]. Então é preciso imaginar o motivo de o Instituto Nacional do Diabetes e Doenças Gástricas e Renais, parte dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA fica surpreso com "o número de pessoas com cálculo renal nos Estados Unidos estar aumentando ao longo dos últimos 20 anos" [2]. O que é realmente preocupante é que eles começam a citação com "por razões desconhecidas". Eles também notam que cálculos renais ocorrem mais frequentemente em homens: europeus são mais propensos a desenvolver pedras nos rins que africanos; pedras nos rins surgem mais frequentemente entre os 20 e os 40 anos; e uma vez que uma pessoa tenha mais de um cálculo, outros provavelmente vão aparecer.
E qual mudança foi feita aos hábitos alimentares das pesso as nos últimos 20 anos ? A "alimentação saudável" foi introduzida. E quem tem maior probabilidade de seguir essa mensagem ? Aqueles entre 20 e 40 anos...
Eles continuam:
Pessoas que formavam pedras de cálcio costumavam ser orientadas a evitar laticínios e outros alimentos com alto conteúdo de cálcio. Mas estudos recentes mostraram que alimentos ricos em cálcio, incluindo laticínios, ajudam a evitar os cálculos. Tomar cálcio sob forma de pílula, entretanto, pode aumentar o risco de desenvolver pedras... Pode ser que te digam para evitar alimentos com vitamina D adicionada e certos tipos de antiácidos que tem base de cálcio. Se você tem uma urina muito ácida, pode precisar comer menos carne, peixe e aves. Estes alimentos aumentam a quantidade de ácido na urina.
Então, se você tem cálculo renal, e se forma pedras de cálcio e se tem urina muito ácida, você pode precisar comer menos carne. Mas beber muita água vai reduzir a acidez, e esta dieta é conhecida por reduzir a necessidade de antiácidos, e não precisamos de suplementos de cálcio já que comemos o suficiente.
Então onde está o problema ?
Você pode se interessar em saber que a Fundação Nacional dos Rins, discutindo as pedras de oxalato, diz:
Os alimentos com alto conteúdo de oxalato são espinafre, ruibarbo, beterrabas, morangos, farelo de trigo, nozes e suas manteigas [3].
Eles não mencionam carne em momento algum.
Toda a evidência sugere que a maneira de se evitar cálculos renais e biliares é comer uma dieta composta principalmente de proteína e gordura animal.
Falha renal
Tecnicamente chamada de Nefropatia Renal, a doença dos rins é um resultado inevitável da glicemia cronicamente descontrolada e níveis cronicamente altos de insulina encontrados no diabetes tipo 2. Ainda assim, uma das críticas mais frequentemente repetidas pelos opositores do low-carb é que dietas mais ricas em proteína vão alegadamente levar à falha renal, apesar de muitos estudos já terem mostrado que tal afirmação é completamente falsa [4-7]. O Estudo da Saúde das Enfermeiras, sendo executado há muito tempo, mostrou que uma ingestão alta de proteína não está associada com declínio da função renal em mulheres cujos rins eram saudáveis no início do estudo. Entretanto, a ingestão total de proteínas, particularmente a alta ingestão de proteína animal não-derivada de laticínios, mostrou uma relação significativa com o declínio da função renal em mulheres cujos rins já não eram saudáveis no início do estudo [8].
O metabolismo de proteínas resulta na produção de uréia, um produto que precisa ser filtrado pelos rins. Enquanto tais aumentos não representam amaça a rins saudáveis, rins danificados podem não ser capazes de processar com segurança quantidades aumentadas de uréia. Os críticos das dietas low-carb, entretanto, buscam convencer os ignorantes dos fatos acima de que altas ingestões de proteínas vão danificar seus rins saudáveis.
Na prática não há razão para que pessoas com função renal prejudicada resignem-se a uma vida de pouca proteína e muito carboidrato, e a consequente fadiga, perda de massa muscular e deficiência imunológica. Pesquisadores californianos hipotetizaram que uma dieta com ingestão irrestrita de proteína, mas pobre em carboidratos e ferro poderia reduzir radicais livres e dano glicativo em rins comprometidos [9]. Não é segredo que carboidratos elevam a glicemia, que por sua vez aumenta a atividade glicativa no corpo; e que o excesso de ferro foi implicadomo um potente promotor de radicais livres. Então os pesquisadores colocaram os pacientes com dano renal diabético em uma dieta na qual peixe e frango, que são pobres em ferro, foram substituídos por carne vermelha, e a ingestão de alimentos ligantes de ferro, tais como laticínios e ovos, foi aumentada, e a ingestão total de carboidratos foi reduzida à metade. A composição da dieta do teste foi 25-30% proteína, 30% gordura, 35% carboidrato e 5-10% álcool. Um grupo de controle com diabéticos com função renal afetada consumiu a dieta pobre em proteínas recomendada para pacientes renais, consistindo de 10% proteína, 25% gordura e 65% carboidarto – que é também a proporção recomendada para a população em geral. Os resultados do teste foram impressionantes: 39% do grupo com pouca proteína e muito carboidrato ou morreram ou deterioraram-se a ponto de necessitarem transplante de rins; no grupo com proteína irrestrita, o número correspondente foi de 20%.
A evidência sugere que pessoas com sinais de disfunção renal deveriam optar por fontes de proteína pobres em ferro, tais como frango, peixe, porco, ovos e laticínios fermentados, juntamente com uma baixa ingestão de carboidratos, mas não baixa o suficiente a ponto de causar cetose.
Há pouca dúvida de uma "dieta saudável" rica em carboidratos e a insulina subsequentemente alta podem contribuir para a deterioração da função renal de pacientes diabéticos; e que o tratamento com insulina nos pacientes com diabetes tipo 2 pode causar ainda mais dano aos rins. Uma dieta LCHF, com ingestão moderada de proteína, pode na prática evitar a falha renal em diabéticos tipo 2 [10].
Referências
- Thom JA, et al. The Influence of Refined Carbohydrate on Urinary Calcium Excretion. Br J Urol 1978; 50:7, 459-464.
- http://www.niddk.nih.gov/health/kidney/pubs/stonadul/stonadul.htm, accessed 21 August 2003.
- http://www.kidney.org/general/atoz/content/kstones.html, accessed 21 August 2003.
- Poortmans JR, Dellalieux O. Do regular high protein diets have potential health risks on kidney function in athletes? Int J Sport Nutr Exercise Metab 2000; 10: 28-38.
- Blum M, et al. Protein Intake and Kidney Function in Humans: Its Effect on Normal Aging. Arch Int Med1989; 149: 211-212.
- Skov AR, et al. Changes in renal function during weight loss induced by high vs low-protein low-fat diets in overweight subjects. Int J Obes 1999; 23: 1170-1177.
- Wrone EM, et al. Association of dietary protein intake and microalbuminuria in healthy adults: Third National Health and Nutrition Examination Survey. Am J Kidney Dis 2003; 41: 580-587
- Knight EL, et al. The Impact of Protein Intake on Renal Function Decline in Women with Normal Renal Function or Mild Renal Insufficiency. Ann Int Med 2003; 138: 460-467.
- Facchini FS, Saylor KL. A Low-Iron-Available, Polyphenol-Enriched, Carbohydrate-Restricted Diet to Slow Progression of Diabetic Nephropathy. Diabetes 2003; 52: 1204-1209.
- Nielsen JV, Westerlund P, Bygren PG. A low-carbohydrate diet may prevent end-stage renal failure in type 2 diabetes. A case report. Nutr Metab 2006; 3: 23
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