Nenhum poder exceto o nosso: as aflições paleo sexistas e um convite a nos levantarmos e rugirmos

Artigo traduzido por Hilton Sousa. O original está aqui.

por Stefani Ruper, autora do blog Paleo For Women

Prefácio


O site Mark's Daily Apple recebe em 250.000 e 300.000 visitantes (N.T.: não são números de visitas, e sim de pessoas diferentes que visitam o site. É gente pra caramba!). Isso significa que o MDA tem aproximadamente 300.000 seguidores regulares. Com tantos seguidores, o MDA deixa todo o resto da paleosfera comendo poeira, batendo o segundo colocado (The Paleo Diet, do Loren Cordain, tem 55.000 seguidores) em mais de 500%.

O que não quer dizer muito, a não ser o fato de que prestar atenção ao MDA te dá uma boa idéia do que são os assuntos quentes na paleosfera.

Em agosto de 2010, Mark Sisson postou um artigo chamado "Jejum intermitente é saudável ?" e disse isso:

Um artigo recente no Jornal Americano de Nutrição Clínica dá uma excelente visão geral dos benefícios que incluem redução da pressão arterial, redução do dano oxidativo nos lipídios, proteínas e DNA, melhora na sensibilidade à insulina e na absorção de glicose, bem como decréscimos na massa adiposa.

Ele continua: "Como é que se pode argumentar contra resultados como estes ?"

Fácil.

O tal artigo recente leva a uma revisão de estudos sobre jejum intermitente, realizada em 2007. Ela contém as seguintes passagens:

Heilbronn et al. descobriram que, após 3 semanas de jejum em dias alternados, a resposta de insulina a uma refeição-teste era reduzida, o que implicava em sensibilidade melhorada à insulina. É interessante que tal efeito na sensibilidade à insulina ocorreu apenas em pacientes do sexo masculino.

E também:


Outro fator de risco para diabetes que mostrou um efeito específico em relação ao sexo, é a tolerância à glicose. Após 3 semanas de jejuns em dias alternados, as mulheres mas não os homens tiveram um aumento na área sob a curva de glicose. Este efeito desfavorável sobre a tolerância à glicose em mulheres, acompanhado por uma aparente falta de efeito na sensibilidade à insulina, sugere que jejum em dias alternados pode ser mais benéfico a homens que a mulheres, na redução do diabetes tipo 2.


Seguindo o material de pesquisa referenciado pela revisão, demonstra-se que as diferenças entre sexos são reais.

O fato passou despercebido por Mark Sisson – certamente um descuido, e não algum tipo de chauvinismo malicioso – e ele não está sozinho nessa. Diferenças sexuais em resposta a diferentes alimentos e escolhas de estilo de vida são largamente ignoradas pela paleosfera. Uma paleosfera que em geral percebemos como presumivelmente, esperançosamente, talvez algum dia no futuro, mais igualitária, orientada a dados e inteligente sobre dieta e estilo de vida, do que suas contrapartes convencionais.

Até o momento, nesse quesito, ela não é. O mundo é na maior parte ignorante das diferenças entre homens e mulheres, no que diz respeito a dieta e necessidades comportamentais. A maioria dos estudos médicos é feita em homens, e quando feitos em mulheres, quase sempre são mulheres menopáusicas, de maneira a eliminar as presumidas e variadas complicações que as flutuações hormonais introduzem num ambiente de teste. Então mesmo quando os gurus dos paleoblogs referem-se à pesquisa mais imparcial do mundo médico, eles estão se referindo a estudos projetados para funcionar ignorando – ao invés de observando – as necessidades das mulheres em idade reprodutiva.

O problema: o perfeccionismo e sua dança com as normas sociais


Os praticantes de dieta paleo são obcecados em serem gostosos. Por mais que gostemos de confundir o nosso desejo por sex appeal com nosso desejo por saúde otimizada – e ainda que isso seja um ato legítimo, já que saúde e atratividade física são de algumas maneiras significativamente correlacionadas – permanece o fato de que damos grande valor à dupla emaranhada de "perfeita saúde e gostosura perfeita". O quanto nós gostamos de priorizar tais objetivos varia, mas vale muito a pena fazer-se a questão: podemos dizer que estamos atrás do "saudável", mas é isso que realmente queremos dizer? Será que não queremos dizer "impressionante"? Ou "perfeito"? Ou "atraente"? Capazes de esfregar nossas escolhas de vida superiores na cara dos descrentes? Ou inspirar pessoas? Estamos a "saúde" paleo como maneira de cobrir nossa necessidade real de sermos valorizados e aceitos e sexies e amados?

Talvez. A questão não é super relevante, exceto pelo fato de que muito do que fazemos é buscando esse objetivo duplo de saúde-gostosura. E isso é excelente, exceto pelo fato de que somos extremistas sobre isso. Se você está em dúvida sobre o fato, te convido a visitar os fóruns do Paleohacks ou do MDA, que são as duas maiores comunidades paleo online. Eles estão cheios de questões como essa:

Eu nunca passei fome, e sua generalização de que jejuar por 40 dias causa inanição está incorreta.

Os praticantes de dieta paleo frequentemente são, por nossa própria natureza, perfeccionistas. Nós buscamos saúde otimizada, performance otimizada, aparência otimizada, vida otimizada. Proporções ótimas de macronutrientes, ingestão otimizada de micronutrientes... a lista é longa. O ponto é que uma dieta que promete saúde perfeita (literamente), e que frequentemente entrega algo muito perto disso, naturalmente atrai pessoas que buscam a perfeição. A dieta, estilo de vida e estrutura comunitária provêem muitas maneiras para que façamos isso. Mesmo aqueles de nós que não eram perfeccionistas no início, são sugados para o fervor. A paleosfera é uma cultura de busca pela otimização, cada vez mais.

Problemas psicológicos à parte, isso não é bom ? Isso não nos leva a uma saúde melhor no fim das contas ?

Para homens, sim? Para mulheres, não?

Há dois caminhos nos quais essa busca pelo ótimo – especificamente em respeito a essa perseguição dual ao gostoso-e-saudável – tem o potencial de desarranjar a saúde. Primeiro, o objetivo, e em segundo, os métodos que frequentemente usamos para alcançá-lo.

Talvez o problema mais óbvio com a perseguição da atratividade através da dieta e estilo de vida seja que a atratividade por padrões sociais não está necessariamente alinhada com saúde evolucionária. Isso nós sabemos bem, mas vale repetir. Os padrões de atratividade são condicionados de maneira tão forte pelos padrões sociais quanto pelo impulso fisiológico, se não mais forte. Isso é evidenciado por coisas simples: atualmente é atrativo ser bronzeado ao invés de pálido, por exemplo, dado que as classes superiores tem mais tempo de lazer para gastar ao ar livre. E agora é mais atrativo ser magro ao invés de cheinho, dado que somente as classes mais altas têm acesso a academias, etc.

Infelizmente, o vigor da paleosfera por combater normas sociais não parece estender-se à imagem corporal. O ideal ocidental da mulher é a mulher magra. A paleosfera não é imune ao condicionamento social deste monstro. É claro, a paleosfera pode dizer que valoriza a força e o condicionamento mais que suas contrapartes convencionais, mas mesmo para aqueles de nós que acreditam nisso, esta noção é quase uma questão de perfeccionismo novamente – forçando-nos a incorporar tantas coisas que nos façam atraentes quanto possível: não apenas magras, mas também fortes. Não apenas esguias, mas também musculosas. O típico corpo paleo perfeito é ágil, condicionado e definido. Curvilíneo, talvez, mas nunca o suficiente para esconder os abdominais duros de uma mulher. Tenha em mente, também, que mesmo sem os músculos, mesmo sem esse ideal especificamente paleo, milhares de praticantes de dieta paleo estão nela para perder quilos.

Estaria tudo bem se uma mulher magra fosse na prática a mulher mais otimamente saudável.

Ela não é.

Para ter referência, uma modelo ou atleta na TV pode ter por volta de 17-18% de gordur corporal. (Para homens, por volta de 10%). Mulheres começam a morrer por volta dos 12%, e deixam de menstruar em uma grande variedade de percentuais de gordura mais baixos, dependendo da pessoa. Tipicamente, a menstruação cessa por volta dos 18%, apesar de que muitas mulheres deixam de menstruar aos 20 ou mesmo 22-23% de gordura corporal – depende da sua constituição, da força do metabolismo, dos ovários, etc. Algumas mulheres são naturalmente magras como gravetos. A maioria não é. Tentar fazer com que mulheres ajustadas para 20-22% de gordura tenham 18% é praticamente um crime. Aqueles últimos pontos percentuais que saem de uma mulher estão armazenados em suas nádegas, quadris e coxas. Essa gordura é especificamente feminina e significativamente associada com o bem-estar de uma mulher.

Por que as mulheres tem essa gordura, e o que ela faz ?


Além de protegerem as mulheres contra a inanição mais fortemente que os homens, bem como garantirem que uma mulher terá energia e nutrientes para produzir descendentes, essa gordura é também em grande parte responsável por particionar a gordura DHA (o "bom" ômega-3) para o feto. Crianças nascidas de mães com mais dessa gordura rica em DHA tendem a ser mais espertas que as demais. Todas essas são coisas importantes evolucionariamente, em minha opinião.

A ciência concorda. A mulher mais fértil não é a mais magra ou a mais durona. Ao invés, a mulher mais fértil está acima dos 22% de gordura corporal. Muitos estudos até mesmo argumentam que mulheres com IMCs de 25-29 – frequentemente consideradas em nossa cultura como "sobrepesadas" – saem-se melhor em termos de longevidade e saúde a longo prazo do que mulhers com peso menor. Abaixo da faixa saudavel de > 20% de gordura corporal, mulheres geralmente começam a experimentar compulsões, ansiedade, depressão, insônia, perda de libido, cabelo e unhas quebradiços, hipotiroidismo e infertilidade. O ponto de partida é que a gordura ao redor dos quadris, nádegas e coxas de uma mulher – que evitam que ela pareça com a capa da revista "Shape" – é em muitos casos crucial para a saúde, bem-estar mental e função reprodutiva.

Então esse é o primeiro ponto. Nós falhamos em levar em consideração as necessidades de gordura corporal para saúde inerentes ao sexo, e permitimos que o nosso desejo por atratividade as destruam como um moedor de carne.

O segundo é a saúde e o método de perda de peso.

Como caçadores do ótimo, nós praticantes de dieta paleo temos truques evolucionários que podem ser usados para obter saúde e perda de peso. Estes incluem, mas não estão limitados a, refeeds, cetose, HIIT, restrição calórica e JI. O que está errado com tais práticas não é a sua natureza intrínseca, necessariamente, e sim o vigor com que as perseguimos e a imprudência em relação às diferenças entre sexo.

Aí vem o prefácio do MDA. Jejum é enormemente popular na paleosfera hoje em dia. Mas é um estressor, sempre. Junte a nossa perseguição vigorosa pela otimização com a ignorância da especificidade dos sexos, e aterrissamos em uma pilha de ameaças à saúde feminina.

Como a minha análise do jejum aponta, e como estudo após estudo após estudo sobre restrição calórica apontam, homens podem passar por estressores metabólicos relativamente sem dor, e na prática em geral emergem em boa saúde e condicionamento. Mulheres, por outro lado, não podem. O corpo feminino funciona primeira e mais fortemente para guardar sua fertilidade, e por esta razão resiste com força e é machucado pelo estresse metabólico.

Em muitos casos, tanto anedoticamente quando na literatura, mulheres em dietas restritivas – seja por jejuns, restrição calórica, restrição de gorduras ou de carboidratos (tipicamente saudáveis pelo padrão paleo) – ou dietas pouco saudáveis, experimentam degradação na saúde mental, energia, qualidade do sono, sinalização da insulina e leptina, atividade tireoidiana e funcionamento do eixo HPA. Além disso, como o corpo detecta estresse metabólico e quer defender-se, mulheres em restrição às vezes ganham peso. Eu encontrei, na prática, diversas mulhers que submeteram-se a jejuns de 1-3 dias e ganharam alguns quilos. A natureza dúbia destas dietas restritivas relativa à saúde da mulher inclui os efeitos do exercício intenso, particularmente HIIT exagerado.

Isso não é dizer que mulheres não deviam reduzir as calorias de tempos em tempos, ou que elas não deveriam praticar HIIT. Nós deveríamos. Mas corpos femininos não podem – entenda, não podem – lidar com estes estressores tão bem quanto os homens fazem. E mesmo quando eles obtêm benefícios – o que é frequente, especialmente para mulheres obesas – é uma aposta certeira que isso ocorre por um mecanismo fisiológico único dos homens. Em todas as influências metabólicas – na entrada de energia, no gasto, no tipo de energia utilizada, na quantidade de gordura corporal da pessoa – as mulheres requerem mais e diferentes precauções que os homens, para manterem a saúde otimizada. Essa é a verdade da ciência e da evolução.

Tudo isso é para dizer:

Nós praticantes de dieta paleo somos condicionados pelas normas ocidentais. Queremos ser atraentes. Somos guiadas pelas promessas de otimalidade e perfeição. Perseguimos tais coisas com vigor. Parece que em muitos casos, especialmente enquanto mulheres, estamos fodendo com nós mesmas.

A solução


Uma solução comum que as pessoas colocam para o problema da imagem corporal/feminismo é uma mudança na sociedade. Eu concordo, até certo ponto. Isso nos ajudaria muito. O que a mídia moderna faz com as mulheres (e homens) contemporâneas é insidioso. Malicioso. Demoníaco. Por esta razão, há mais do que uns poucos fulanos que espero encontrar no precipício flamejante do inferno.

Mas este é um ato de pedir – ou de forçar – outras pessoas a mudar. Não apenas isso faz com que minhas raízes libertárias cocem com um alarme individualista inquieto, mas também a) restringe minha liberação e empoderamento às vontades de outras pessoas, e quem diabos ia querer esperar por isso ? e b) presta um desserviço à minha força pessoal e à força do amor nos indivíduos à minha volta.

A solução então não é atacar as massas paleo. Nem é atacar as pessoas no topo, aquelas que ditam as regras. Não é atacar Mark Sisson, Robb Wolf, Loren Cordain ou qualquer outro dos muitos paleo-blogueiros que dominam a cena. Eles não estão fazendo nada de errado. Eles querem que as mulheres sejam tão saudáveis quanto as mulheres querem ser saudáveis. Na prática, enquanto eles não necessariamente alardeiem as questões de saúde da mulher, eu diria com confiança que eles fazem um trabalho melhor advogando por corpos femininos naturais, do que as mulheres o fazem.

O fato simples, entretanto, é que não é trabalho deles trilhar o caminho.

É nosso.

Nosso trabalho e nos levantarmos. Nosso trabalho é tomarmos posse da feminilidade e viver por padrões saudáveis e empoderados. É sermos reais e honestas com nós mesmas enquanto mulheres, e ficar em paz com nossos desejos e naturezas. A feminilidade nunca vai mudar se as mulhers não possuírem e amarem a coisa certa elas mesmas. Temos que superar nossa bagagem. Eu não me importo se ganhamos mais atenção quando somos magras. Não ligo se algumas de nós cresceram com bailarinas profissionais apertando nossos quadris e nos dizendo para irmos ficar no canto enquanto as dançarinas de verdade dançavam. Não me importo se temos problemas com nossas mamães e papais, ou se crescemos num mundo no qual ser magro ou execitar-se ou atingir quaisquer das ridículas noções ocidentais de feminilidade fossem as únicas maneiras pelas quais poderíamos ter paz psicológica. Isso acabou, agora.

Eu me importo. Me perdoe. Eu me importo tanto que gasto muitas horas a cada semana produzindo um  podcast sobre este esforço. É difícil. Mais que difícil. Estas questões são assustadoras. Mas nós nunca vamos ultrapassá-las se não começarmos a resistir. Comece recusando-se a ouvir o barulho insidioso do mundo exterior. Come ignorando a auto-flagelação em nossas cabeças. Comece caminhando com o queixo erguido e os olhos para a frente.

Nós temos o poder de dizer não às normas e sim à nossa saúde. Temos a habilidade de prestar atenção às nossas necessidades fisiológicas nós mesmas. Podemos nos erguer, e termos orgulho de nossos corpos evoluídos, e amá-los como julgarmos apropriado. Não precisamos pedir a outros que façam isso por nós. Não temos o luxo de esperar que a sociedade mude. Temos as ferramentas; temos o conhecimento; temos umas às outras. Isso vale para compreender as necessidades fisiológicas e reprodutivas únicas, bem como para abraçar corpos naturais. Agora é o momento de recusarmo-nos a ser enjauladas, e a dizer "foda-se" às pressões externas, e a exaltar a glória da feminilidade real e natural.

A verdade da evolução e a perspectiva paleolítica encorajam esta noção. Quando usamos a ciência evolucionária ao invés das normas para guiar nossos estilos de vida e escolhas, isso nos ajuda a nos libertarmos das normas sociais. Nos ajuda a ver como a saúde de verdade aparenta, e nos ajuda a aceitar nossos corpos naturais. Uma perspectiva paleo honesta demanda feminilidade natural. Ela demanda que uma mulher priorize sua saúde, e que ela cuide de si acima de todas as outras coisas. E então com seu corpo bem cuidado, uma mulher está capacitada a trabalhar produtivamente, a dormir em paz, a viver com força, a rir livremente. Isso vale para mulheres e homens. Prestar a tenção às necessidades evolucionárias de um corpo – e então supri-las – dá a ele as ferramentas necessárias para prover uma pequena plataforma a partir da qual o indivíduo pode disparar; a partir da qual ela pode viver.

A paleosfera não pode evitar ser carregada com o patriarcado intrínseco das civilizações ocidentais. Ela tenta livrar-se – e tiro meu chapéu para as mulheres e homens por aí, que tentam fazer isso – mas ainda vai levar certo tempo antes que possa descartar inteiramente essas correntes. E nós praticantes de dieta paleo não podemos evitar buscar corpos e práticas perfeitos com vigor. Não podemos ser culpados por querer ser percebidos como sexies, saudáveis, empoderadas, fortes, bonitas, amáveis.

Entretanto, não podemos pedir que outros façam isso por nós. Nem podemos atingir tais coisas através de meios convencionais, neutros em relação ao gênero, restritivos. Saúde real demanda algo mais. Saúde real pede que tomemos o conhecimento que temos e ajamos com ele. E o possuamos. E o reforcemos. E o amemos. E sejamos seres humanos incorporados, reais, com amor-próprio, com auto-cuidado. Isso nos faz sexies. Nos faz poderosas. E nos faz mulhers reais, fodonas, revolucionárias nos sentidos mais belos e inspiradores do mundo.

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