Artigo traduzido por Hilton Sousa. O original está aqui.

Eles simplesmente não entendem. Talvez nunca entendam.
A leitora Karen ficou indignada o suficiente para nos mandar um link para um artigo da MSNBC que afirma que “a natureza é mais importante que a nutrição para garotos gordos, diz o estudo. Pesquisa com gêmeos mostra que o peso é 77% atribuído aos genes”. Obrigado, Karen.
Leia o resumo aqui.
Mais uma vez, a mensagem é, “se você é gordro, não é sua culpa e há pouco que você possa fazer sobre isso”. Baboseira. Aqui vai mais uma teoria tendenciosa que leva uma pessoa a acreditar que seus genes são seu destino. Eles não são. Leitores do MDA, por favor incorporem esse conceito: você tem muito mais controle sobre como os seus genes se expressam, to que jamais foi imaginado possível. Tudo o que você come, cada movimento que você faz, cada pensamento que você tem, cada inspiração do seu peito, todos influenciam a expressão dos genes. O que nos tornamos NÃO é imutavel, NÃO está escrito em pedra, NÃO é um resultado de escolher seus pais com cuidado. O ambiente e o comportamento são as MAIORES influências na sua saúde, condicionamento, aparência e longevidade. A maioria de vocês já teve uma experiência direta com isso.
Ironicamente, o autor do editorial nas páginas do mesmo jornal que fala sobre a “descoberta”, parece apontar:
O relatório por Wardle et al. inicia-se com uma afirmação bastante abrangente de que a epidemia de obesidade é “claramente devida às mudanças no ambiente, porque os genes não se alteraram”. Evidência em contrário na literatura sugere a possiblidade de mudanças na genética de populações contemporâneas por fatores tais como acasalamento preferencial, seleção (por exemplo, a fecundidade aumentada de pessoas com sobrepeso moderado), mudanças demográficas e efeitos epigenéticos e que tais mudanças podem ser relevantes também em humanos. Elas não devem ser descartadas de cara.
Então eu acho que eles entenderam, mas apenas precisam provar que os genes são os principais responsáveis ? Veja bem, eu não vou argumentar discutir o fato de que há algumas predisposições genéticas para uma gama de resultados bastante ampla, mas pensar que a obesidade não está relacionada à quantidade de carboidratos consumida, ingestão calórica total, comidas para as quais não estamos adaptados (grãos, leite, gorduras trans), falta de exercício ou mesmo níveis de estresse, é ridículo. Você vai começar a ver mais e mais conversas sobre a ciência da epigenética – as “chaves” que na prática ligam e desligam os genes – e a imensa influência que o ambiente tem no epigenoma (chegando ao extremo de que epigenética pode ser passada de pai para filho de maneira que o que a sua avó comia pode ter um efeito sobre o seu desenvolvimento). Ainda assim eles se apegam à esperança de que a sua sina é, bem, desesperadora. Eu deixo a vocês as fotos de dois gêmeos idênticos alemães, Otto e Ewald, que simplesmente escolheram comportamentos físicos diferentes e tornaram-se bastante diferentes como resultado.

Eu tinha que desabafar isso.