Uma experiência com Atkins
Bom… Acho que devo começar dizendo que tive o primeiro contato com a dieta através do livro “A Nova Dieta revolucionária do Dr. Atkins”, através de um colega de trabalho que abordou um aspecto interessante desta dieta: coma quando sentir fome e a quantidade de comida suficiente para estar satisfeito, sem se “empanturrar”, desde que faça parte dos alimentos permitidos.
Nesse ponto senti que a dieta poderia ser uma saída interessante, visto que o meu insucesso com as dietas anteriores se deu por conta de não conseguir seguir a premissa básica de comer de 3 em 3 horas. O meu hábito alimentar regular, por motivos profissionais e até mesmo por já estar acostumado com esse hábito há anos, fazia com que eu ficasse sem me alimentar por 10, 12 horas sem me sentir incomodado com isso.
Esse ritmo de trabalho puxado também contribuía para meu sedentarismo, sendo difícil achar um horário regular para fazer atividades físicas quando o ritmo de trabalho regular chegava a 16 horas de trabalho por dia, regado a muito refrigerante (Coca-Cola) e energéticos.
Diante dessa indefinida situação de postergar indefinidamente minha posição de cuidar da minha saúde, aliado a uma dieta descontrolada (apesar de não comer muito em quantidade), me levou a pesar 118Kg no início de 2013 e começar a cogitar com seriedade uma cirurgia bariátrica.
Parti para a primeira consulta com este objetivo, segui o procedimento padrão (acompanhamento com endocrinologista por alguns meses), peguei todas as solicitações de exames pré-cirúrgicos porém, por motivos alheios à minha vontade, não pude fazê-los por um tempo.
No momento que se havia removido o empecilho que me impedira de prosseguir a busca pelo tratamento cirúrgico, tive o contato descrito no começo da história, que me chamou a atenção e comecei a ler o livro do Dr. Atkins.
Como qualquer um, na medida que lia o livro e conhecia melhor as propostas do Dr. Atkins, ia achando que era uma idéia absurda e completamente fora da realidade. Porém, tenho em mim um pouco dessa natureza experimentativa e não tenho problemas em questionar parâmetros e padrões estabelecidos, ciente de que os maiores avanços se dão quando a gente resolve desafiar o que é comum e passa a experimentar aquilo que, num primeiro momento, possa parecer absurdo, mas que tenha uma possibilidade, ainda que mínima, de lograr êxito.
Como a minha dieta já tinha alguma coisa de gordura como dizia o livro, achei que seria menos arriscado manter os parâmetros permitidos (quantidade de proteínas e gorduras na dieta) e limitar os parâmetros não permitidos (controlar a ingestão de carboidratos e cortar o consumo de açúcar).
Durante a leitura do livro descobri que realmente não há regras de quando eu devo comer ou o quanto eu devo comer, meu organismo sabe quando e o quanto eu preciso comer, e a fome é um fenômeno fisiológico tão normal quanto urinar (já pensou se o médico recomendasse que a gente urinasse uma quantidade de vezes limitada por dia?). O conforto derivado deste fato é algo libertador diante das dietas comuns.
Assim, depois de ler o livro e me sentir motivado por todos os exemplos nele citados, marquei uma consulta antes de iniciar a dieta e peguei a solicitação dos exames que deveria fazer. Fiz os primeiros exames e verifiquei que os meus resultados estavam bastante ruins (não tanto quanto eu pensava que estariam, mas mesmo assim, alarmantes):
- Colesterol Total: 228
- HDL: 36,1
- Triglicerídeos: 199
- Glicose: 170,6
Fiquei receoso, mas, decidi prosseguir com a experiência dos 14 dias, como indicado pelo livro. Marquei outra consulta para poder repetir os exames e o resultado, medido cerca de 15 dias depois, foi, no mínimo, impressionante:
- Colesterol Total: 174
- HDL: 33
- Triglicerídeos: 74
- Glicose: 83,8
Todos os índices voltaram aos patamares normais! Como pode? Estava comendo bacon, carne vermelha com gordura e os meus índices caíram! E não foi apenas isso. Meu peso antes de iniciar a dieta era de 113Kg. Na primeira semana já estava abaixo dos 110… E mesmo quando o peso não caía, a perda de medidas era impressionante: Havia comprado camisas tamanho 7 algumas semanas atrás e, agora, voltei a vestir camisas do tamanho 4!
OK, com isso, fiquei decido em seguir a dieta proposta. A maioria das pessoas (mesmo diante dos resultados mais do que visíveis) achava um absurdo e que essa dieta me prejudicaria. Era muito comum escutar: “Você PRECISA de comer carboidratos!”. Passei, então, a pesquisar na internet todos os indícios de resultados da dieta, descobri muita coisa:
- A dieta do Dr. Atkins faz parte de um grupo de dietas que focam na redução do consumo de carboidratos, com algumas variações, mas a mesma premissa.
- A maioria das pessoas que fazem relato dessa dieta a adotaram por um período de tempo curto, para atingir uma perda de peso rápida, mas, aconselhadas por profissionais, não seguiram com a dieta por mais de 90 dias, mesmo ficando impressionadas com os resultados da dieta além da perda de peso em si.
- Existem centenas de relatos de pessoas que prosseguiram com alguma dieta de restrição de carboidratos por vários meses e até mesmo vários anos sem NENHUMA consequência negativa desse hábito
- O site da Associação Americana de Cardiologistas que concentra todos os motivos para não seguir uma dieta com restrição de carboidratos possui apenas 3 relatos de pessoas que tiveram algum tipo de problema com a dieta do Dr. Atkins. E não achei NENHUM outro relato relevante diferente desses. (Observação: Existiram alguns relatos de pessoas que sentiram algum tipo de fraqueza nos primeiros dias da dieta. Mas esse sintoma foi relatado pelo Dr. Atkins, inclusive, recomendando que as atividades físicas fossem iniciadas algumas semanas após iniciar a dieta)
- Há registros de pessoas para as quais a dieta com restrição de carboidratos resolveu problemas não associados à síndrome metabólica (Diabetes, Obesidade e Doenças Cardíacas), como: Esclerose, Alergias, Intolerâncias Alimentares, Dores Crônicas, etc.
- 90% da perda de peso está associada à dieta e apenas 10% associado a exercícios físicos.
- Exercícios anaeróbicos são mais eficazes na perda de peso do que os aeróbicos (na verdade, os aeróbicos perdem a eficácia bastante rápido se não forem de alta intensidade)
Os fatos descritos acima se repetiram várias e várias vezes (infelizmente, na maioria das vezes, em inglês). No meio da busca, encontrei o blog do Dr. Souto, médico urologista do Rio Grande do Sul que possui um vasto material amplamente baseado em pesquisas científicas atuais que comprovam a eficácia das dietas com restrição de carboidratos, com muitas traduções e informações complementares às do livro do Dr. Atkins, principalmente referente ao Colesterol, ao sal e a todos os mitos associados às dietas com restrição de consumo de carboidratos. Este blog é de visita obrigatória para todos que desejam ingressar nesta dieta: http://lowcarb-paleo.blogspot.com.br/.
Meus efeitos colaterais imediatos:
- Passei a usar escadas em alguns trajetos que usava elevador
- Não consigo ficar acordado até as 3h da manhã trabalhando como antes. Agora durmo às 22h e acordo às 4:30.
- Não sinto mais sonolência durante o dia
- As poucas vezes que pratiquei exercícios puxados não vieram acompanhadas de dores musculares
- Sem roncos
- Sinto prazer de comer comida de verdade ao invés de culpa ao saborear carnes, ovos e queijos
- Muito mais disposição em geral
- É muito mais fácil controlar carboidratos do que calorias
- Perdi muito peso com quase nenhuma atividade física
- Posso comer com intervalos grandes (ou até mesmo fazer jejuns compridos) sem que isso afete em nada a dieta
Sei que muitos que lerão este texto ainda estão receosos e presos ao conceito dito normal relativos às dietas de que “gordura faz mal”, “carboidratos são essenciais” ou “cetose é perigoso”. Antes de qualquer coisa, meu intuito aqui não é convencer ninguém de que todos precisam adotar esta dieta/estilo de vida. Apenas registro aqui algo que mudou minha vida, me livrou de uma cirurgia arriscada e me devolveu a auto-estima como não me lembro de sentir antes.
Reduzi de 3 para 0 a quantidade de medicação para controle de Pressão Arterial (A média antes, mesmo com medicação era de 150/100, hoje chega no máximo a 120/90, com média de 115/85).
Como os primeiros exames mostraram alterações em alguns índices ligados ao fígado, meu cardiologista me encaminhou ao gastro para uma averiguação mais profunda. O gastro olhou meu exame e me disse que isso poderia ser um problema grave ou apenas consequência de uma perda acelerada de peso. Solicitou outros exames de sangue e um ultrassom para averiguar com mais precisão a quantidade de gordura no meu fígado, pois aqueles índices indicavam que poderia haver uma quantidade de gordura excessiva no fígado ou alguma doença relacionada.
Quando fui realizar o ultrassom, a médica confirmou comigo algumas vezes o motivo do exame e me disse: "Mas você não tem nenhuma gordura no seu fígado...". Desde a realização do exame, que indicou que havia gordura no fígado, até a realização do ultrassom se passaram cerca de 60 dias. Peguei o resultado dos exames e levei novamente ao gastro que afirmou "não ser possível" ter aqueles resultados, devia ter alguma coisa de errado no ultrassom, e me pediu para retornar posteriormente para repetir os exames. O que fiz recentemente e o resultado pode ser visto na imagem anexada ao post.
Apesar do texto comprido, espero ter contribuído para que todos se mantenham firmes nesse propósito, vale a pena.
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Anderson
Hilton, é seu esse relato?
ResponderExcluirNão, é do Anderson. Bacana demais, né ?
ExcluirAta!!Legal!!
ExcluirVc está de parabéns Anderson!!
Eu nao me sinto bem em cetose, mas jà tive meu momento de dieta revolucionária, o que eu amo na paleo/lowcarhight fat é que com 50-70g de carboidrato me sinto ótima e emagreço
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