Por Juliana Lima

Nasci em 1980. Tenho hoje 40 anos. Nem eu acredito muito nisso, ainda lembro muitos dos anos 1990, e nessa época ficava imaginando como eu seria aos 40. Muitas pessoas hoje me perguntam o que eu como porque eu tenho aparência de muito mais nova, mas esse crédito eu dou à genética – já que faz pouco tempo que eu mudei o meu estilo de vida.
Quando criança eu vivia doente, principalmente no ano de 1988 quando perdi vários dias de aula e as tardes se tornavam longas com as crises de garganta que eu tinha. Lembro muito bem que se eu colocasse o pé no quintal quente, já era motivo de adoecer no dia seguinte. Sério!!
Quando eu tinha por volta dos 13 anos eu sentia fortes dores nas coxas. Minha mãe e meu irmão mais velho também tiveram. Minha mãe ficou boa com 27 anos, e eu por volta dos 25. Não sei o que é até hoje. Parecia dor de artrose, como se o osso doesse. Numa madrugada que tive a pior crise de dor, eu tive a brilhante ideia de cortar minha perna com um machado. Acreditava que a dor do corte seria infinitamente menor e assim eu me arrastei até a cozinha chorando para realizar esse feito. Acendi a luz da cozinha e peguei o machado. Minha mãe dormia ao lado da cozinha e tinha um sono de pedra, mas nesta noite ela acordou e se levantou. Me viu e perguntou o que eu estava fazendo com o machado na mão. Na verdade, ela já sabia. Aconteceu exatamente a mesma coisa com ela e a sua mãe também a impediu de cometer esse desastre. Ela me abraçou e disse: “Meu Deus! Eu também quis fazer isso e minha mãe me impediu”… Eu nunca vou esquecer disso!
Casei com 24 anos, nessa época já sentia vários desconfortos. Com 27 adquiri rosácea e eu mesma descobri, depois, que os médicos me ferraram bastante tratando pra outra coisa – fizeram biópsia e descobriram a rosácea, mas já estava feito o estrago.
Eu já sentia muitas dores nas pernas e cansaço extremo. Me sentia culpada, achava que era preguiçosa. Nessa época fazia exames e exames e ninguém dizia nada que justificasse tudo o que sentia. Era magra e da barriga alta. Exames alterados e sempre com o mesmo papo que estava bem e que não era nada aqueles resultados. Resolvi procurar no doutor Google e vi a relação de tudo com o glúten.
Havia 4 anos que eu tinha dores de barriga matinais e cada vez que eu via um pão já me sentia mal. Muita azia por anos. Resumindo, eu descobri a sensibilidade ao glúten e também que isso altera a tireoide. Meus anticorpos estavam em 1800 e o normal era 6. Os endocrinologistas diziam que eu estava bem, mas que precisava piorar mais para poder ser tratada.
Como assim? Se eu estava bem do que eu precisava piorar?
Fui em 8 endocrinologistas e me diziam que eu era hipocondríaca.
Em 2017 fui numa ortomolecular e gastei o que eu não tinha. A médica dizia que meu peso era ideal, mas eu estava desnutrida de nutrientes. Com 4 meses de alimentação mais saudável meus anticorpos estavam em menos de 400. Hoje estão bem baixinhos e não preciso tomar Puran T4 ou qualquer outro hormônio, trato somente com alimentação.
Tirei o glúten no dia 27 de março de 2017.
No dia 29 do mesmo mês ao descer as escadas para tomar café, percebi que não sentia dores nas pernas. Eu só sentei no chão e chorei de emoção e percebi que estava num caminho sem volta de alimentação.
Em abril do mesmo ano fui a um aniversário e não entendia bem que o glúten se encontrava em quase tudo que se diz “alimento”. Comi algo com frango e com uns 2 minutos eu comecei a sentir a bendita dores nas pernas…. me assustei de tal forma que fui embora na mesma hora.
Entrei em casa chorando e querendo quebrar tudo de tanta raiva por ter cometido um erro de principiante. Nessa noite não dormi de dor e foi assim por 28 dias consecutivos.
Minha Ortomolecular disse que nosso corpo tem memória e foi isso que aconteceu. Senti náusea, tontura por 2 dias e as dores nas pernas que duraram 28 longos dias. Nunca mais eu cometi o erro de comer fora, exceto por um restaurante que se dizia sem glúten, mas na verdade não era.
Com isso, aprendi a fazer tudo e nunca comer fora até eu saber realmente a procedência inclusive da cozinha. Tenho tudo portátil para viagens. Sim, eu tenho uma cozinha ambulante mesmo!
Resolvi estudar mais a respeito, pois na época eu aprendi várias receitas e quis substituir a comida ruim por receitas açucaradas e sem glúten.
Só quando vi que comida de verdade que iria me fazer o melhor que eu realmente vi o que era saúde. Deixei de fazer bolo sem glúten para comer berinjela com ovos e abobrinha, e me encantei com esse mundo, inclusive meu bolso agradeceu muito.
Hoje, faço jejum intermitente e low carb.
Me sinto bem e durmo bem comendo o que é mais primitivo: a comida de verdade!
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